A justiça italiana acusou formalmente quatro agentes das forças de segurança egípcias de raptarem Giulio Regeni, de 28 anos, um estudante de doutoramento italiano, cujo cadáver mutilado foi deixado à beira da estrada nos arredores do Cairo, em 2016. O caso, que se suspeita ter sido encoberto pelo brutal regime de Abdel Fattah el-Sisi, levou a uma rutura nas relações entre o Egito e Itália.
Nunca foi dada uma explicação clara para a morte de Regeni, um aluno da Universidade de Cambridge que estudava os sindicatos egípcios – uma ocupação perigosa num país onde o regime fez “desaparecer” 2723 dissidentes desde 2015, segundo a Comissão Egípcia para Direitos e Liberdades. O seu corpo mostrava sinais de brutal espancamento, queimaduras de cigarro, cortes e perfurações, consistentes com as técnicas de tortura que as forças de segurança egípcias – que inicialmente falaram num acidente de carro – são acusadas de utilizar.
A justiça italiana acusa o Cairo de proteger os agentes suspeitos – o que não impediu o Governo de Giuseppe Conte de, discretamente, vender 960 milhões de euros em armas a Sisi, este ano. Caso saiam do Egito, os suspeitos arriscam ser detidos pela Interpol.