Vacina contra o novo coronavírus será “escassa” na primeira fase de distribuição

Marta Temido disse que não ter médico de família não vai impedir as pessoas que fazem parte da primeira fase de distribuição de serem vacinadas. A governante destacou ainda que o país está atento às consequências da administração da vacina no Reino Unido.

A conferência de imprensa sobre o balanço da covid-19 em Portugal desta sexta-feira contou com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido, que abordou vários assuntos com a distribuição da vacina no país, o decréscimo da incidência da covid-19 desde que foram impostas restrições mais pesadas no país para impedir a propagação da doença e ainda como serão realizados os votos nas eleições presidenciais, marcadas para janeiro. 

Questionada sobre o número de vacinas que irá chegar na primeira fase da vacinação a Portugal, a governante afirma que ainda não existem "números fechados" mas que esta será "escassa" na primeira fase de distribuição. "Temos de ser pacientes e temos de perceber que há passos que não podemos desvalorizar, como as reuniões técnicas da Agência Europeia do Medicamento para assegurar que as vacinas são seguras e de qualidade", indicou Marta Temido.

Outra das questões abordadas foi se o facto de ter ou não médico de família pode impedir os portugueses de terem acesso à primeira fase de vacinação. "Quero deixar mais uma vez a tranquilidade porque estamos a trabalhar para que a administração de saúde em lares de idosos, em profissionais de primeira linha e para quem está previsto ser vacinado na primeira fase vão sê-lo independentemente de terem ou não médico de família", indica Marta Temido.

A ministra destaca ainda que os centros de saúde terão um papel muito importante na primeira fase de vacinação. Só na segunda fase é que as autoridades de saúde vão recorrer a "pontos de vacina comunitários". Marta Temido sublinha que serão contratados mais profissionais de saúde e voluntários para assegurar um reforço dos recursos humanos. 

Sobre as reações adversas à vacina que se verificaram em algumas pessoas com alergias, no Reino Unido, a ministra diz que Portugal está a acompanhar a situação "com muita prudência" e diz que são realmente questões "que poderão verificar-se" após a administração da vacina daí a importância de abordar o assunto com "transparência" para tentar evitar que se volte a repetir. 

Marta Temido aponta que as taxas de positividade dos testes à covid-19 têm estado a baixar apesar de o número de testes de despiste se manter. "No dia 3 de dezembro foram feitos cerca de 43 mil testes, o que está a baixar é a taxa de positividade. O que revela a capacidade de resposta do SNS", realça a ministra. 

A governante afirmou que a taxa de incidência do novo coronavírus a 14 dias por 100 mil habitantes se situa agora em 529,3 novos casos, "uma taxa de incidência que está a aproximar-se de valores mais controláveis, mas que são, ainda assim, bastante preocupantes", sublinhou, apontando as "assimetrias do país", dando o exemplo dos valores ainda bastante elevados no Norte comparativamente aos valores controláveis no Algarve. 

A recolha de votos ao domicílio para as eleições presidenciais, marcadas para o dia 24 de janeiro, está a ser preparada por um grupo de trabalho específico, disse Marta Temido, que diz que o Governo está a trabalhar para que "quem queira exercer o seu direto de voto e que esteja em isolamento nessa altura" tenha a possibilidade. 

Sobre o recorde de mortes em Portugal, o máximo histórico de mortalidade no país em 70 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, Marta Temido, indicou que “a causa dessas mortes podem ter várias causas como as temperaturas extremas" no entanto confessa que "estamos a viver um excesso de mortalidade por todas as causas que temos assinalado” e diz que a questão do impacto da ausência de cuidados de saúde, provocados pelo aparecimento da pandemia na mortalidade, está a ser estudada. Recrode-se que segundo os dados disponíveis na plataforma do Ministério da Saúde, que estuda a mortalidade a nível nacional, revelaram que até esta quinta-feira, 10 de dezembro, morreram já mais de 114 mil pessoas em Portugal. 

Marta Temido destaca ainda que o pico da segunda fase da pandemia terá ocorrido na semana de 20 de novembro. "Estamos ainda a assistir àquilo que é a dilação conhecida entre o número máximo de infeções, o número máximo de utilização da capacidade instalada nas unidades hospitalares e o máximo de óbitos", frisou a governante.

A ministra voltou a destacar que não são "só os mais velhos" que sofrem com sequelas da doença, uma questão que terá de ser analisada mais profundamente quando a transmissão estiver mais controlada. 

Em relação às festividades, Marta Temido diz que é importante que os portugueses percebam que "não podemos prescindir do cumprimento das regras necessárias" e volta a relembrar a importância do distanciamento social e da utilização da máscara.