Quando António Costa quer ganhar eleições, reverte um contrato jurídico de grande dimensão. Para ganhar as eleições autárquicas intercalares de 2007, António Costa prometeu reverter o negócio da permuta do Parque Mayer com os terrenos da Feira Popular no Campo Grande. Veio dizer que desfazia o negócio: o Parque Mayer voltaria a ser pujante e os terrenos da Feira Popular voltariam a ser da câmara. Fá-lo com o argumento de que o controlo do Estado é sempre o melhor para o interesse público, contando com dois aliados: a fé de muitas pessoas que acreditam nisso, e a prestimosa ajuda dos media que alegremente propagam esse argumento. Todavia, existem efetivamente dois problemas, muitas vezes e para certos negócios, o privado faz melhor e com menos custos; e em segundo lugar, quebrar contratos válidos tem um custo brutal, neste caso para o contribuinte.
António Costa foi em frente, reverteu o negócio, os terrenos da feira popular no Campo Grande voltaram a ser da Câmara. Mas qual o ponto de situação atual? O Parque Mayer está morto como todos sabemos, a ‘nova’ feira popular não existe. A Câmara, entretanto, vendeu os terrenos à Fidelidade por 238 milhões de euros, a qual ainda lá não construiu nada dois anos volvidos.
O problema é que o lesado da reversão, a Bragaparques, continua a pedir uma indemnização de 300 milhões de euros, com juros de milhões a vencer todos os anos. Ou seja, a conta, treze anos depois ainda não foi paga, a sentença deve estar quase a sair e se for de 300 milhões de euros, será a ruína da câmara de Lisboa.
A reversão não resolveu o parque Mayer, não resolveu urbanisticamente aquela localização prime da cidade, não resolveu uma nova feira popular e pode significar um rombo financeiro que determina a falência da cidade. Portanto, pergunta-se: valeu a pena? Para António Costa valeu, ganhou as eleições de 2007, depois as de 2009 e de 2013 e daí se lançou para as legislativas de 2015.
E qual a história das eleições legislativas de 2015? É fotocópia de 2007, prometeu reverter a privatização da TAP, com o argumento do costume: o controlo do Estado é melhor, contando novamente com a fé cega dos homens e com a alegre cobertura dos media. Cinco anos depois, o resultado está à vista: um gigantesco buraco financeiro e a procissão só vai no adro.
Sabe que os lesados das reversões avançam para tribunal, mas sabe mais, quando a conta vier, já é o político seguinte que vai receber a fatura. Na Câmara conseguiu três vitórias sem pagar a conta do Parque Mayer/Campo Grande e é óbvio que, apesar de eleito duas vezes primeiro-ministro, também não pretende pagar a conta da TAP.
Devia ser patente registada: é o método António Costa.