por Judite de Sousa
Há muito que vivemos num tempo de lideranças políticas, mas não de estadistas. Lideranças quase sempre efémeras que não deixam marca nem glória. A sociedade mediática veio introduzir novas regras. E fixar novos paradigmas. Ao ritmo a que a informação se produz, o imediatismo é esmagador. Já não existem tempos para pensar, decidir e agir. Estes tempos são simultâneos. Colocam a classe política sob uma enorme pressão e dão uma maior visibilidade aos erros. Todos erramos na vida mas, para os políticos, o caminho é mais estreito. Não são cidadãos comuns. Foram eleitos para dirigir com sabedoria os destinos de um país. Nem todos estão à altura dos desafios. Quanto maiores as adversidades, mais eficazes terão de ser as respostas. Por mais complexa que seja a governação, maior é o nível de exigência. É assim em democracia. E nenhum pormenor, por mais insignificante que possa parecer, pode ser deixado ao acaso. O escrutínio é duro para os que estão em órgãos de soberania. A agenda mediática é implacável, a opinião publicada não dá tréguas, os líderes de opinião estão a toda a hora nos média.
Desde janeiro que o país vive em circunstâncias especiais. A pandemia tomou conta de tudo e de todos. Uma situação inimaginável para a qual ninguém estava preparado. As negociações do Orçamento foram as mais duras desde sempre para António Costa e para a esquerda de um modo geral. A juntar a este contexto, os casos do Novo Banco e da TAP.
Por tudo o que tenha acontecido, nada justifica a omissão grave de a morte de um ucraniano ter sido desprezada pelos poderes públicos. E não será a reestruturação do SEF que vai apagar essa culpa.