O Governo abrandou as medidas anticovid – e bem – para que possamos celebrar as festas do Natal. Depois de termos tido uma Páscoa tão conturbada, vivemos agora um Natal bem mais descontraído, sabendo, porém, que teremos de usar máscaras, ter os distanciamentos sociais prescritos e aconselhados pelas organizações de saúde nacionais e internacionais.
Na noite de Natal, há dois mil anos, ao nascer, em Belém, o Messias esperado pelo povo de Israel, aparecem os anjos junto dos pastores e anunciam uma alegria: «Nasceu, hoje, em Belém o Salvador, que é o Messias Senhor». Estavam cumpridas as promessas que tinham sido feitas ao Povo de Israel. O Messias esperado pelos judeus entra na história, em Belém, da descendência de David, do tronco de Jessé.
Os anjos anunciavam o nascimento de um Messias, um Salvador, um Kyrios, e aparece uma luz para todo o mundo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados!»
Este é o cumprimento das promessas feitas por Deus! Ele tinha sido anunciado por Isaías como o Príncipe do Shalom, o Príncipe da Paz. O profeta tinha anunciado: «Será chamado conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da Paz».
Os judeus sabem que o Messias, quando chegar, trará inscrito o Shalom, a paz, na sua fronte. Porque também sabem, como nós, cristãos, sabemos, que a Paz não provém de uma construção de justiças ou de equilíbrios humanos, mas provém do alto.
Nos últimos 300 anos foi-se colocando a Religião de parte e quis-se construir uma sociedade sem Deus. A Revolução Francesa quis construir uma sociedade mais fraterna, mais igual e mais livre, mas vejam a que estado ela chegou. Libertou-se do poder da religião cristã, mas logo ficou escrava de muitos outros grilhões que não vou aqui dizer quais são.
Esta ideia de nos libertarmos da religião para termos sociedades mais justas, mais livres e mais fraternas espalhou-se por todo o mundo durante o séc. XIX. Começava a surgir a Revolução Industrial, aparecia uma nova esperança, uma nova sociedade. No final do séc. XIX veio Nietzsche anunciar a morte de Deus e o renascimento do homem.
É verdade, o incrível mundo novo assente não nos valores da religião, mas nos valores da igualdade, da fraternidade e da liberdade. Era o início do século dos Direitos Humanos. Rasgam-se os dez mandamentos e escrevem-nos novos mandamentos. Agora, o homem já não tem mandamentos. Já não tem de fazer nada. Agora, os homens têm: direitos.
E o que se esperava do século dos Direito Humanos, liberto do poder da religião? Um século de paz.
E o que encontrámos? Duas guerras mundiais! Ditaduras de direita e de esquerda, nazis e comunistas. Homens contra homens. Irmãos contra irmãos. Chacinas em toda a África e Médio Oriente.
Que bom! O novo humanismo, os novos valores humanos trouxeram mais direitos, mas menos paz… É verdade!
Estou profundamente convencido de que se não nos aproximarmos do Príncipe do Shalom, o Príncipe da Paz, não teremos a paz.
Sei que me chamarão fundamentalista e muitos outros nomes. Eu chamar-me-ia apenas apaixonado pelo Messias, que me tem libertado a pouco e pouco das muitas guerras que aparecem no meu interior e na minha vida.
O homem, a sociedade e a cultura precisam de um Messias, de um Libertador que, como já vimos no último século, não será seguramente um libertador político, mas espiritual – interior.