Dezenas de jornalistas e funcionários da Al Jazira, um dos mais importantes meios de comunicação do mundo árabe, foram alvo de um ataque cibernético que poderá ter sido encomendado pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos, reporta o Guardian.
Segundo o jornal britânico, piratas informáticos terão utilizado um serviço de spyware, software utilizado para roubo de dados e espionagem, vendido por uma empresa de inteligência privada israelita, para espiar os iPhones de menos 36 jornalistas, produtores, pivôs e executivos da Al Jazira, assim como um jornalista da Al Araby TV de Londres.
A investigação, conduzida por especialistas do Citizen Lab da Universidade de Toronto, descobriu que o ataque aconteceu entre julho e agosto deste ano e detetou um código malicioso, criado pela empresa informática NSO Israel, com a capacidade de invadir o software de iPhones com sistema operativo anterior ao iOS 14 da Apple.
Os investigadores afirmam que a NSO vendeu a ferramenta de hacking Kismet a pelo menos quatro entidades e acreditam ter identificado pelo menos dois dos quatro compradores, um na Arábia Saudita e o outro nos Emirados Árabes Unidos. Segundo referem, por trás estarão dois grupos que a organização tem vigiado, os Monarchy e os Sneaky Kestrel.
Segundo os informáticos do Citizen Lab, este ataque foi possível devido a uma falha na aplicação iMessage, sistema de mensagens da Apple, que permitiu que os telemóveis fossem infetados.
O caso começou a ser investigado depois de um jornalista da Al Jazira, Tamer Almisshal, ter confessado que suspeitava que o seu telemóvel estivesse comprometido devido a alguma atividade suspeita. Investigadores descobriram que o seu dispositivo enviava diariamente dados para sistemas controlados pelos invasores que continham informação pessoal dos jornalistas, mensagens, vídeos e fotos.
Este ataque informático possibilitava aos invasores terem acesso às palavras-passe guardadas no telemóvel, acesso ao microfone e às câmaras fotográficas e captarem fotografias.
A equipa do Citizen Lab notificou a Apple sobre este ataque, ao que a empresa alertou para a necessidade de manter sistemas operacionais sempre atualizados, uma vez que, caso isso tivesse acontecido, o ataque poderia ter sido evitado.