Por Eduardo Catroga, Economista
Foram tomadas várias medidas e passámos por várias fases. Assistimos à primeira onda de medidas, depois a um alívio do confinamento a partir de setembro/outubro e, agora, a um novo agravamento das medidas. Isto significou que durante nove meses tivemos vários períodos. No primeiro, em que houve um confinamento total com uma grande pressão mediática nesse sentido, eu, como a generalidade das pessoas, fiquei de quarentena em casa. O que é que isso representou? Interiorizei que tinha de fazer exercício físico e intelectual. Aproveitei a quarentena para fazer uma dieta alimentar associada ao exercício físico e para fazer um conjunto de reflexões sobre a economia porque, para mim, tornou-se evidente, logo na segunda metade do mês de março, que o encerramento a nível dos países de largos setores da economia iria determinar uma crise económica. Então comecei a refletir sobre isso e essa reflexão fez parte do meu exercício intelectual.
Em relação ao exercício físico aproveitei o jardim e, até um determinado momento, cheguei a dar 12 mil passos por dia. Resultado: emagreci sete quilos. Quanto ao exercício intelectual, nos meses de abril e maio comecei por publicar dois ou três artigos dispersos em órgãos de comunicação social, mas, a determinada altura, pensei: em vez de andar a publicar artigos dispersos no sentido de refletir sobre a crise económica e como poderíamos transformar a crise numa oportunidade, seria mais interessante escrever um livro.
Assumi esse compromisso com a Bertrand em meados de julho e de entregar o livro em meados de setembro. Tive dois meses para me concentrar nisso e, durante esse período, o exercício físico ficou para trás; em contrapartida, o intelectual ficou bastante desenvolvido. Foi bastante intenso. Além disso, mantive as minhas responsabilidades empresariais; no entanto, as reuniões de direção e de administração dos projetos a que estou ligado e que já estavam programadas foram feitas pela internet.
A partir de meados de setembro comecei a desconfinar progressivamente. O que é que isso representou? Passei a sair de casa, a ir mais vezes almoçar fora e até ir a reuniões físicas com todos os cuidados recomendados: máscara, distanciamento social, etc., mas senti necessidade de começar a sair. Quando surgiram as novas medidas restritivas voltei a ficar em casa, sem prejuízo de participar em reuniões pela internet. Depois de ter acabado o livro tenho-me dedicado mais à leitura. Nesta fase, abandonei as minhas idas a Abrantes, que é a minha terra natal. Tenho reduzido a minha mobilidade e estou a retomar agora o exercício físico que tinha sido interrompido, os tais passos que deixei de dar com vista a retomar a boa forma física que tinha em julho.
Chega agora o Natal, que é um momento de reunião da família. Este ano vai-se concentrar na família mais chegada: as minhas filhas e netos. Vamos celebrar na minha casa, como temos feito nos últimos 30 anos. Vamos ser ao todo oito pessoas.
Estamos todos à espera que chegue a vacina e que esta seja eficaz. Tendo em conta a minha idade e alguns problemas respiratórios que tenho, penso que estou no grupo prioritário e estou a pensar em ser vacinado logo que seja possível. Há receios? Tenho de ter confiança no controlo de qualidade efetuado tanto a nível europeu como a nível nacional. É sempre uma avaliação de riscos mas, na minha faixa etária, o risco de não tomar é superior ao de tomar. Estou muito inclinado a ser vacinado.