Por Francisco Mota
Presidente da Juventude Popular
A pandemia levou o mundo assumir o medo como fator fundamental na gestão das expectativas das pessoas e nas respostas que os decisores políticos foram atribuindo com o evoluir das circunstâncias. Com uma comunicação social empenhada em vender uma ideia e governantes empenhados em não serem líderes, foi o cocktail perfeito para que a covid-19 assumisse o poder e se cometessem crimes humanos que jamais vão ser relatados e, lamentavelmente, a culpa morrerá solteira.
Em Portugal, com a covid-19 no comando das operações do Serviço Nacional de Saúde (SNS), em nove meses, foram 10 mil as mortes por abandono do Estado, quer fosse de cancro, doenças cardíacas ou simplesmente por falta de assistência, ou socorro. Fora isto, mais de 9 milhões de consultas adiadas e cerca de 200 mil cirurgias por realizar, que, mais cedo ou mais tarde, irá traduzir-se ainda em mais mortes.
Com uma imprensa submissa ao poder, vendeu-se este cenário como inevitável, para que o SNS não entrasse em rutura, quando este já colapsou desde que milhões de portugueses deixaram de ser assistidos, socorridos e morreram por inércia e abandono. Todos os dias nos são ditos quantos morrem da covid-19, é repetido, diariamente, o quadro de infetados e a estratégia optada. Mas ninguém nos informa que custo é que isto tem com o pretexto da covid-19. Entramos num negacionismo coletivo de medo, em que não questionamos absolutamente nada, assumimos os constrangimentos e limitações à nossa liberdade como fundamentais, sem termos a capacidade de raciocínio e de perceção do prejuízo que implica em tudo o resto. Mas era possível contrariar tudo isto se não se tivesse iniciado uma embirração ideológica que não permitiu criar, articular, planear e responder com uma coordenação única entre o setor privado e social, e a rede pública de saúde. Esta cegueira ideológica levou à morte de milhares de portugueses e trouxe à tona o pior do Estado Socialista. Até na hora de vacinar, a propaganda tomou o lugar do bom senso. Se nada for alterado, o próximo ano apenas será a continuidade deste, com o contador a somar ainda mais vítimas às portas do Estado. Continuarão a justificar isso como um mal necessário, daí usarem firmemente o medo como principal aliado para impor uma tirania meiga e encobrir a incompetência dos seus responsáveis, simplesmente com o argumento do ‘bicho’.
Mais do que falar de nomes, neste momento, importa refletir que opções queremos traçar amanhã, que visão de país queremos dar aos nossos filhos e como podemos inverter o falhanço, enquanto pátria, perante todos os desgraçados que não lhes é dada a voz e sem razão aparente vivem abandonados, como se de velhos trapos se tratassem ou simplesmente vão desaparecendo moribundos na solidão.
As grandes questões que ficam, nos dias de hoje, são: que país queremos reconstruir?