Estamos quase em 2021! Que nascerá marcado pelas consequências indisfarçáveis do que aconteceu em Portugal e no mundo – e que ainda se poderão prolongar por este novo ano, ninguém sabe até quando.
Quem diria que, a partir de março passado, nos estava reservada uma espécie de ‘guerra biológica’ que atingiria o planeta de forma devastadora, trazendo consigo sofrimento, lançando o pânico entre a população e provocando na sociedade danos irreparáveis, a par de muitas vidas humanas que a pandemia levou?
É difícil para qualquer de nós, por mais otimista que seja, olhar para o novo ano sem se lembrar deste flagelo que viria a condicionar todo o nosso comportamento, causando alterações significativas nas formas de estar na vida a que estávamos habituados.
Percebe-se.
Também se compreenderá que, a partir de agora, se esteja sempre de ‘pé atrás’ e se pense duas vezes antes de se tomar uma decisão. É humano. Mas a vida vai ter de continuar e é preciso entender essa realidade, seja lá como for. Continuarmos amarrados aos problemas do passado não vai ajudar ninguém. Temos de acreditar. Temos de ter esperança.
O ano que agora começa é, portanto, o ano da esperança – e por isso lhe devemos dar um voto de confiança. É um ano que deverá ficar para a História. Se tivermos presente que é o ano em que a vacina contra a covid-19 vai ser implementada, temos razões mais do que suficientes para estarmos confiantes. Quem passou pelo que todos passámos e chegou até aqui, não é agora que vai desistir – desistir de colaborar com o que nos for solicitado, de corresponder ao que nos vai ser exigido e de agir de acordo com as possibilidades de cada um.
Espera-se, pois, que também a vacina corresponda ao que dela se espera e que toda a população possa beneficiar do seu efeito, pelo qual andamos a suspirar desde o começo da pandemia.
Outro aspeto a ter em conta neste novo ano é, sem dúvida, a renovação do Serviço Nacional de Saúde.
Já abordei este tema várias vezes; mas, na prática, nada de significativo se viu. Direi mesmo que tudo continua na estaca zero e que as reformas mais importantes estão por fazer.
Contudo, há agora um dado novo a considerar: como ficarão as coisas depois da tempestade covid-19? Não tenhamos ilusões: ou se tomam medidas concretas e eficazes ou assistiremos, mais dia, menos dia, ao colapso do SNS, o que só por milagre ainda não aconteceu. E a manterem-se orientações desajustadas e legislação ultrapassada no tempo, não é possível prever até quando o serviço poderá sobreviver.
Tenho fé em que, com a experiência do passado e com o que foi possível evitar, se encare o futuro com seriedade e bom senso, numa perspetiva de mudança. Tenhamos esperança!
Uma palavra final para os utentes. Tendo em conta o ano tenebroso que vivemos, é altura de alterar hábitos e procedimentos do passado, totalmente inaceitáveis, no futuro que queremos construir.
Temos de nos precaver contra toda a espécie de imprevistos que nos podem de repente bater à porta – e é bom estarmos prevenidos. A colaboração dos utilizadores dos serviços do Estado é essencial, mas só se houver união e todos ‘remarem para o mesmo lado’ se atingirá o objetivo pretendido.
Resumidamente, eu recomendaria uma boa articulação com o médico de família, a quem cabe a responsabilidade da gestão da saúde do seu utente; o cumprimento integral das normas administrativas em vigor; o fim da prática muito usual do ‘salve-se quem puder’, utilizando os serviços ‘à vontade do freguês’, com cada qual a ditar as suas leis à margem do que está superiormente estipulado. Sejamos realistas: ou todos colaboramos ou o desfecho está à vista e a derrocada será inevitável.
Ao entrar em 2021, o ano que sucede à calamidade de má memória, agarremo-nos à vida enquanto pudermos, para a vivermos plenamente. Deus nos ajude nesta caminhada em cada dia, ao longo deste ano do recomeço. Desejo a todos os leitores que ele possa ser, no verdadeiro sentido da palavra, o ano da esperança!