Alemanha
Adeus a Merkel
Depois de quinze anos a dominar a política alemã, tornando-se um colosso incontornável na arena internacional, 2021 será o ano em que Angela Merkel se despede do posto de chanceler, prometendo não se recandidatar. O seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU) deverá decidir em janeiro quem será o seu sucessor, que terá o maior partido alemão nas mãos e enfrentará eleições legislativas já em setembro. Entre os três candidatos – Friedrich Merz, Armin Laschet e Norbert Röttgen – temos lealistas e opositores de Merkel, mas, seja quem for que saía vencedor, ninguém dúvida que a chanceler deixará um vazio político enorme atrás de si.
Escócia
Sequela do Brexit?
Depois do drama da última temporada do Brexit (ver página 54), poderemos ter uma sequela este ano. Após a vitória do ‘não’ à independência da Escócia, com 55,3%, em 2014, a líder do Executivo escocês, Nicola Sturgeon, pretende voltar à carga em 2021, ou quando for ultrapassada a pandemia. Para a líder do Partido Nacional Escocês, que obteve 45% dos votos da Escócia nas legislativas de 2019, o referendo do Brexit mudou as regras do jogo. Para Sturgeon, quando os escoceses votaram ‘não’ à independência, não sabiam que isso implicaria sair da UE uns anos depois – uns esmagadores 62% votaram contra o Brexit em 2016. Contudo, a iniciativa de um referendo teria de passar por Londres, e a probabilidade de Boris Johnson aceitar está próxima do zero – teremos uma luta política feia pela frente, com os setores nacionalistas escoceses mais radicais a apelar a um referendo unilateral, como se viu na Catalunha.
Israel
Impasse sem fim
Será que é em 2021 que Israel finalmente consegue um Governo estável? Com o país a caminho da quarta eleição em dois anos, partido ao meio entre os apoiantes do Likud, de Benjamin Netanyahu, e a Coligação Azul e Branca, de Benny Gantz, é difícil de dizer. Já percebemos que juntar os dois rivais num Governo comum não funciona – desentenderam-se ainda este mês. Sem um fim à vista para o impasse, com dirigentes de peso a saírem do Likud, Netanyahu está a conseguir o feito de se manter à tona, mesmo com o peso de várias acusações de corrupção amarrados à perna.
Irão
A hipótese da linha dura se chegar à frente
Com o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, a chegar ao seu limite de mandatos, as presidenciais do Irão, em junho do próximo ano, serão um confronto entre a ala moderada do regime – até então liderada por Rouhani – e a linha dura, encabeçada pelo próprio Supremo Líder, o aiatola Ali Khamenei. De momento, o campo moderado parece enfraquecido: o Irão já enfrentava uma brutal crise económica antes da pandemia de covid-19, devido às sanções americanas, algo com que Rouhani prometera acabar com o acordo nuclear com os EUA de Barack Obama, em 2015. A linha dura denunciou o acordo – a reexposição das sanções por Donald Trump pareceu dar-lhes razão. Contudo, muito pode mudar até junho. Rouhani tem até lá para reatar laços com a nova Administração de Joe Biden, sob risco de que, se falhar, deixará os moderados em maus lençóis.
Hong Kong
Repressão e desespero
Este ano aconteceu o que tantos ativistas de Hong Kong receavam. A China impôs sobre o território uma nova Lei de Segurança Nacional, que os críticos acusam de permitir a detenção arbitrária de dissidentes. Ao abrigo desta lei, já foram detidas mais de 30 pessoas, até ao início de dezembro, incluindo ativistas como Joshua Wong e um luso descendente que procurava fugir do país. As perspetivas não são animadoras e é esperado que as detenções sem fundamento continuem.