“Diva” é o nome da escultura feita pela artista plástica Juliana Notari. É uma vagina de 33 metros de altura, com 16 metros de largura e 6 de profundidade, feita de ferro armado e resina e está enterrada numa encosta. A obra de arte foi inaugurada no sábado passado num parque artístico botânico Usina de Arte, em Pernambuco, um dos estados brasileiros que mais impulsiona a cultura.
Juliana Notari publicou várias fotografias da escultura na sua página do Facebook e aproveitou para explicar que o objetivo da obra é “questionar a relação entre a natureza e a cultura na sociedade ocidental falocêntrica e antropocêntrica” e assim criar um debate sobre a “problematização do género”. Além disso, a artista plástica ainda referiu que “estas questões são cada vez mais urgentes”, fazendo uma referência às posições tomadas pelo presidente do Brasil Jair Bolsonaro em relação ao setor da cultura.
O seu comentário gerou uma onda de críticas negativas e ofensivas. Em declarações para o jornal O Globo, Juliana Notari disse que "esses ataques só demonstram o machismo, o preconceito e a misoginia que sempre houve na sociedade ocidental. Um patriarcado milenar. Quando se expõe um símbolo feminino, a vulva, imagem que vai além do sexo por ter uma dimensão sagrada, gera-se medo e fascínio".
Uma das fotografias que gerou imensas críticas foi a imagem onde aparece a artista perto da obra de arte, enquanto os homens negros estavam a construir a sua escultura. "Achei linda a sua estética de mulher branca rica com mão de obra de homens negros no background", comentou um internauta no seu perfil de Twitter.
Juliana Notari explicou que não concorda com a “estrutura patriarcal e escravocrata” que “é uma realidade” no Brasil. A “questão dos trabalhadores negros” na construção civil é um crime laboral que ainda acontece no país, disse a artista plástica ao jornal brasileiro.