Eu pensei que esta coisa da linguagem inclusiva já tinha atingido o cúmulo da estupidez. Mas não!
Sei que me poderá acompanhar neste meu raciocínio, principalmente porque em Portugal esta questão da linguagem inclusiva ainda está no início. Mas vou contar algumas histórias para ajudar a percorrer uma linha de pensamento.
Quando em 1997 fui à Jornada Mundial da Juventude, em Paris, enquanto esperava pela chegada do Papa João Paulo II, ao meu lado estava um americano. Falámos os dois e disse-lhe que era de Portugal. Ele ficou muito feliz por conhecer alguém de Espanha. Tentei dizer por todas as palavras conhecidas no léxico inglês que Portugal não é uma província espanhola, mas de nada serviu.
O Papa chegou e começou a chamar cada país pelo seu nome e todos gritavam de alegria ao ouvirem a sua nacionalidade. Era uma explosão de alegria. O Papa estava a pronunciar o nome da nossa nação. Quando João Paulo II nomeou a palavra Espanha o dito americano olhou para mim e repetiu: Espanha!
Eu pensei para comigo que isto não me estava a acontecer! Afinal eu até pensava que conseguia falar alguma coisita de inglês, mas fiquei absolutamente convencido que deveria ter de estudar muitíssimo aquela língua para conseguir ter uma conversa. Afinal, eu tinha conversado em inglês com o americano para explicar que Portugal não era Espanha, mas ele continuou a pensar que Portugal é Espanha.
Em 2005 decidi ir para Londres para treinar as minhas competências na conversação e na escrita naquela língua, nas últimas décadas, se tornou a língua universal – o inglês. Escusado será dizer que apanhei a maior das desilusões. Eu entrei no centro de Londres e encontrei gente vinda de todas as nacionalidades do mundo. Ingleses? Não encontrei quase nenhum.
Em Picadilly Street eu via gente passar de um lado para o outro das ruas e estava fascinado. Paquistão! Índia! Polónia! França! Suécia! Espanha! Enfim, um sem número de nacionalidades que deambulavam de um lado para o outro. Afinal, havia muita gente, mas a maioria não sabia propriamente falar inglês puro. O americano não sabia onde ficava Portugal e estes não sabiam falar bem inglês. Afinal, eu até fiquei contente… não era o único que trocava palavras a falar inglês ou que não sabia a geografia dos países.
Mas esta semana fiquei a pensar que talvez seja um problema daqueles povos. Os americanos não ignoram apenas a geografia de Portugal. Eles também não sabem que a palavra ‘Amen’ não é uma palavra inglesa e muito menos tem alguma relação com a palavra ‘o homem’.
Imaginem o que ouvi esta semana! O pastor Metodista, congressista democrata, de nome Emanuel Claver leu uma oração com o seguinte conteúdo: «Pedimos, em nome do Deus monoteísta. Deus conhecido por muitos nomes e por muitas crenças diferentes. Amen e awoman». Perceberam a estupidez?
Alguns ficam escandalizados por verem um pastor cristão a invocar todos os deuses e seus diferentes nomes. Eu, porém, fico parvo com as duas ultimas palavras. ‘Amen and Awoman’ – ‘um homem e uma mulher’.
Mas será possível que um pastor, cristãos, americano – que fala inglês – não saiba a diferença entre ‘Amen’ [verdade] e ‘a men’ [o homem]? Na realidade a primeira palavra – ‘ámen’ – é uma fórmula hebraica que se tornou ritual e que não tem nada a ver com o género masculino.
Isto é só o princípio da parvoíce. Haverá, no futuro, cenas dos próximos episódios.