Através dos nossos cinco sentidos estamos constantemente a ser abalroados por uma quantidade astronómica de estímulos e informação tal que o nosso cérebro desenvolveu capacidades inatas, ações inconscientes e hábitos. Alguns desses estímulos são concebidos para viciar o leitor. Não deve, por isso, culpabilizar-se por tropeçar num deles. Reaja com inteligência e sentido de estima por si próprio.
Sejamos sinceros, a vida de hoje é um autêntico labirinto: há tanta coisa a acontecer à nossa volta, tanta informação, tantos estímulos que só é possível apreciar a vida por meio de alguns atalhos saudáveis. Esses atalhos são ferramentas e estratégias para interpretar mais rápida e eficazmente a informação que nos rodeia, para mais rapidamente a colocar ao serviço dos nossos interesses. O perfeito exemplo disso são os nossos hábitos.
Não pense o leitor que esses mesmos atalhos significam para mim a recompensa rápida, antes pelo contrário: representam formas de atingir uma recompensa maior, mais tarde, por meio de um esforço inteligente. Quero com isto dizer que, por exemplo, se o leitor procurar prosperidade e segurança financeira, não a vai encontrar nem com raspadinhas ou lotarias, nem com a acumulação de três trabalhos para ocupar as 24h do seu dia. Estatisticamente, quem faz dinheiro rápido perde-o também rapidamente, e as pessoas que têm maior rendimento não são as que trabalham mais horas.
Agora que esclarecemos bons e maus ‘atalhos’, é importante chamar a atenção do leitor para o seguinte: alguns dos estímulos que recebemos estão pensados para nos viciar deliberadamente. O perfeito exemplo disso são os alimentos.
É natural o ser humano procurar sentir-se bem com o seu corpo, seja na medida de uma forma física que nos agrade, seja através da nossa saúde, requerendo qualquer uma destas para isso energia e nutrientes.
Ora, alguns dos produtos nas nossas despensas (que não sejam efetivamente naturais, como frutas e legumes frescos) são sintetizados e produzidos de forma a induzir um estado de bem-estar instantâneo que gera um vício nesses mesmos produtos. Esse vício, apesar de nos fazer sentir bem no curto prazo, muito provavelmente irá originar um estado de mal-estar futuro. Não temos culpa pela forma como o nosso corpo reage naturalmente a alimentos dos quais desconhecemos o processo produtivo.
Contudo, cada um de nós tem no seu intelecto a capacidade para ultrapassar as aparentes limitações impostas pela sociedade que nos envolve. É no combate à nossa própria ignorância que surgem as informações e oportunidades para redesenharmos os nossos hábitos.
Estou seguro de que o leitor sabe bem o que é melhor para si. Se não quer ver tanta televisão, mova os sofás para a frente da sua estante de livros. Se quer que a primeira coisa que faz de manhã é correr, substitua os chinelos do seu quarto por umas sapatilhas. Não se entregue com facilidade aos maus hábitos e redesenhe a sua vida. Deixar-se ir é responsabilidade sua.