O que se temia aconteceu. Há nove meses, António Costa dizia que se fosse necessário dar um passo atrás ele seria dado. Os elevados números da pandemia não deixaram outra solução. Alguns dirão que tal era previsível e que o Governo relaxou nos períodos festivos. Por outro lado, os dados da vacinação terão feito algum efeito levando a crer que a situação pandémica estaria controlada. A avaliação é difícil. Nem mesmo os especialistas se entendem quanto ao que será passado. O que nos dizem é que nas próximas semanas os infetados poderão chegar aos 14,15 mil e que o número de óbitos manter-se-á acima dos 100 mil. Resultado: confinamento geral como o de março e abril. Para já, aponta-se um mês de lockout mas, sem querer pretender ser pessimista, temos que nos preparar para uma primavera dura. Já não é esta a nova realidade. É a realidade. E é com ela que temos que saber viver com as desastrosas consequências para a economia, o emprego e as famílias sem que se volte a colocar um programa de ajuda europeu como aconteceu na primeira vaga.
No meio desta crise sanitária há também dos políticos novos. O calendário das presidenciais mantém-se como não podia deixar de ser mas não teremos uma campanha normal. De resto, a campanha esgotou-se nas entrevista e nos debates televisivos, mostrando como sempre que é nos media que se faz o jogo político e o argumentário de ideias.
Creio que o novo confinamento vai provocar níveis de abstenção nunca antes alcançados. Na verdade, com a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa garantida, as eleições para os segundos mandatos perdem aresta. No entanto, e à exceção do voto fidelizado do PCP, a imprevisibilidade das votações nos restantes candidatos é a grande incógnita para uma eleição que deverá contar com a maior abstenção de sempre.