A Ordem dos Médicos (OM) pediu ao Governo, esta segunda-feira, que adote um confinamento geral semelhante ao que ocorreu em março/abril do ano passado e que se aumente “de forma exponencial” a capacidade de testagem.
“A situação emergente que se vive na Saúde em Portugal, por ausência de medidas robustas por parte de quem tem a responsabilidade política de tomar decisões, impelem o Bastonário da Ordem dos Médicos e o seu Gabinete de Crise para a covid-19 a renovar um conjunto de propostas urgentes para combater de forma mais eficaz a pandemia em curso”, lê-se num comunicado da OM, intitulado “Grito de alerta pelos doentes”.
Assim, a entidade liderada por Miguel Guimarães defende que é preciso "adotar sem reservas e com a maior brevidade um confinamento geral, no mínimo semelhante ao que ocorreu em março/abril de 2020, aquando da primeira onda da pandemia, com uma situação muito menos severa”, bem como “comunicar aos portugueses de forma transparente, coerente e objetiva, não omitindo a verdade, não tentando esconder a gravidade da situação, nem tentando encontrar bodes expiatórios para justificar a incapacidade de liderar o combate à pandemia”.
Além de pedir que sejam revistos os critérios de prioridade na vacinação e que os médicos de família sejam libertados das funções associadas de rastreio de contactos para que os doentes possam ter mais facilmente acesso aos cuidados de saúde primários, a Ordem considera ainda que o Governo deve "reforçar a capacidade de resposta das equipas de saúde pública, com os meios necessários e profissionais de saúde competentes para desempenhar as tarefas de realizar inquéritos epidemiológicos válidos e em tempo útil, que permitam identificar rapidamente os contactos de alto risco e quebrar cadeias de transmissão da doença".
Entre os 10 pontos elencados na carta de recomendações da Ordem dos Médicos está ainda o aumento “de forma exponencial” da capacidade de testagem “de pessoas infetadas e seus contactos, através da utilização massiva de testes rápidos, para tentar recuperar o tempo já perdido na quebra de cadeias de transmissão e reforçar a capacidade de resposta da saúde pública”.
“As meias medidas nem servem a saúde nem a economia. Já perdemos demasiado tempo e continuamos a perder. É inaceitável continuar nas meias medidas e meias verdades. Dizer que está tudo bem, quando não está. Dizer que estamos a atingir a linha vermelha quando já a ultrapassamos há muito (não será preciso recordar os mais de 25 milhões de consultas presenciais, cirurgias e exames complementares de diagnóstico e terapêutica que ficaram pelo caminho e continuam a ficar). Manter estratégias políticas que não motivam os cidadãos a cumprir”, lê-se
“Os profissionais de saúde neste momento têm de tomar decisões complexas e muito difíceis em contexto de medicina de catástrofe e de estabelecimento de critérios de prioridade e não conseguem salvar todas as vidas. São eles que desesperam perante os limites do sofrimento e da compaixão, mercê da incapacidade de tratar o outro, e assim são vítimas de burnout e sofrimento ético. São eles que, além dos doentes, sofrem no terreno, e que aguentam a pressão brutal sobre o SNS”, alerta a Ordem.