O principal opositor do Presidente russo, Alexei Navalny, apresentou-se ontem pela primeira vez em tribunal após ter sido detido pelas autoridades do país. Depois de regressar à sua terra natal, na tarde de domingo, onde foi recebido por jornalistas e apoiantes, não demorou muito até ser apreendido pelas autoridades.
O ativista chegou ao aeroporto Cheremetievo, em Moscovo, acompanhado pela mulher, e, quando passavam pelo ponto de controlo dos passageiros, foi intercetado por agentes, que não revelaram as razões para a detenção, disse à AFP a advogada do opositor, Olga Mikhailova. O político apenas teve tempo para se despedir da mulher antes de acompanhar as autoridades.
O regresso do ativista ocorre depois de ter estado internado cinco meses na Alemanha, após ter sido alegadamente envenenado, num ataque ordenado por Putin.
“Estou inocente” Em tribunal, Navalny não escondeu o sentimento de injustiça e afirmou que a sua detenção é a “maior ilegalidade” por que já passou. “Não percebo o que está a acontecer. Já vi muitas paródias da justiça (…) mas esta é a maior ilegalidade”, disse Navalny num vídeo divulgado no Twitter pela sua porta-voz, Kira Iarmych.
O julgamento de Navalny aconteceu na esquadra de Khimki, nos arredores de Moscovo, para ser examinado o “pedido de detenção”, explicou o advogado do ativista, Vadim Kobzev.
“O avozinho no seu bunker está com tanto medo que rasgou e mandou o Código de Processo Penal para o lixo”, acusou Navalny, referindo-se ao Presidente Putin.
Os serviços prisionais avisaram na quinta-feira que o opositor seria detido quando regressasse à Rússia por violar o controlo judicial que lhe foi imposto no âmbito de uma pena de prisão suspensa de cinco anos, por peculato, considerada politicamente motivada.
Apelos à libertação De todo o mundo chegaram apelos à libertação do opositor de Putin. Dos Estados Unidos vieram pedidos das administrações em confronto. O secretário de Estado da administração Trump, Mike Pompeo, disse que a detenção do opositor de Putin é a “última de uma série de tentativas para silenciar Navalny e outras figuras da oposição e vozes independentes que criticam as autoridades russas”. Já o conselheiro de segurança nacional do Presidente eleito, Jake Sullivan, exigiu a libertação imediata de Navalny.
Também Berlim, onde Navalny recuperou do envenenamento, a União Europeia ou a Amnistia Internacional pediram liberdade para o ativista.
O Governo de Putin ainda não reagiu à detenção de Navalny. Aliás, o seu porta-voz, Dmitri Peskov, disse a jornalistas que não sabia da detenção do opositor.
Até ao momento, o Presidente russo tem rejeitado as acusações de que terá ordenado o envenenamento do rival. Em dezembro, durante a sua conferência de imprensa anual, afirmou que se o Kremlin estivesse por trás do envenenamento de Navalny, “o caso teria sido concluído”.