Lloyd Austin, um oficial que ascendeu às fileiras da elite do Exército e combateu a discriminação racial ao longo de uma carreira de 41 anos, obteve esta sexta-feira a confirmação do Senado dos EUA como primeiro secretário de Defesa negro.
O presidente dos estados Unidos, Joe Biden conta com Austin para restaurar a estabilidade no topo da hierarquia do Pentágono, que passou por dois secretários de Defesa confirmados pelo Senado e quatro que ocuparam o cargo interinamente, durante a administração do seu antecessor, Donald Trump.
A confirmação de Lloyd Austin no Senado foi complicada, por causa do seu estatuto de general recém-aposentado, o que obrigou a uma dispensa de uma proibição legal para que um oficial militar seja nomeado secretário de Defesa antes de cumprir sete anos na reforma.
Austin aposentou-se em 2016, depois de servir como o primeiro general negro a chefiar o Comando Central dos EUA, tendo sido o primeiro vice-chefe do Estado-Maior negro do Exército, em 2012, e tendo servido também como diretor do Estado-Maior Conjunto, um trabalho de bastidores que lhe deu uma visão íntima do funcionamento interno do Pentágono.
Na sua audiência de confirmação no Senado, na terça-feira, Austin disse que não procurou aquela nomeação, mas que estava pronto para liderar o Pentágono sem olhar para o seu passado militar e com plena consciência de que se trata de um cargo político.
Quando foi vice-Presidente de Barack Obama, Biden trabalhou em estreita colaboração com Austin, em 2010 e 2011, na altura em que os EUA procuravam diminuir o seu envolvimento militar no Iraque e o agora secretário de Defesa era o principal comandante norte-americano em Bagdade, capital do Iraque, onde foi uma peça chave na derrota do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na região.
Biden disse, em dezembro, quando anunciou Austin como o seu candidato ao cargo de secretário de Defesa, que o considerava a pessoa certa para o lugar, confiando nele para “garantir o controlo civil dos militares”.
Lloyd Austin prometeu rodear-se de civis qualificados e deixou claro, na sua audiência de confirmação, que está totalmente de acordo com a estratégia do novo presidente para o combate à pandemia de covid-19.
"Vou rever rapidamente as contribuições do Departamento (de Defesa) para os esforços de combate ao novo coronavírus, garantindo que estamos a fazer tudo que podemos para ajudar a distribuir vacinas por todo o país e para vacinar as nossas tropas”, disse Austin perante o Senado.
Austin comprometeu-se ainda a abordar o problema da supremacia branca e do extremismo violento nas fileiras militares, assegurando que pretendia “livrar as fileiras militares de racistas”.
“O trabalho do Departamento de Defesa é manter a América segura dos nossos inimigos. E não poderemos fazer isso se alguns desses inimigos estiverem dentro das nossas próprias fileiras”, explicou Austin.
Perante o Senado, Austin falou ainda de outras suas prioridades políticas, indicando que adota a opinião de muitos no Congresso de que a China é um “desafio em curso” e o principal problema de segurança nacional para os EUA.