É preciso defender a vida

Muito provavelmente o Governo terá de ir mais longe neste confinamento de exceções porque se é verdade que a democracia não pode ser posta em suspenso, o certo é que o primeiro bem a defender é a vida. Não há valor maior

por Judite de Sousa
Jornalista

O país que em março se vangloriava de ter a pandemia controlada por comparação com outros Estados europeus é o mesmo que agora está em primeiro lugar no número de internados e de mortes. Os apelos dos profissionais que estão na primeira linha estão a ser lancinantes. O problema está descontrolado e os hospitais estão em rutura. Não existam dúvidas. As filas de ambulâncias à porta dos hospitais mostrou à evidência que o colapso está aí. Sejamos realistas: o país não pode andar de confinamento em confinamento. É isso que tem acontecido. O alívio no Natal não deveria ter existido e o mesmo no Ano Novo.

E as escolas? Os especialistas inclinam-se agora para um necessário encerramento tanto mais que manter as escolas abertas significa ter dois milhões e meio de pessoas em movimento. O momento não sugere críticas avulsas. Estar no topo da decisão política será a tarefa mais árdua do momento mas é nestas ocasiões que se vêm os verdadeiros líderes. Muito provavelmente o Governo terá de ir mais longe neste confinamento de exceções porque se é verdade que a democracia não pode ser posta em suspenso, o certo é que o primeiro bem a defender é a vida. Não há valor maior.