A esperança média de vida vai diminuir devido à pandemia de covid-19. Esta ideia foi defendida por José Rueff, diretor do Centro de Investigação em Genética Molecular Humana da Universidade Nova de Lisboa, em declarações à agência Lusa. De acordo com o especialista, tal fenómeno decorrerá do efeito combinado da morte de idosos, mas também de jovens em idade reprodutiva.
“Quando há uma situação determinística, cai-nos uma guerra em cima ou uma pandemia, é evidente que aí toda a população vai diminuir. Vai diminuir numa fase da vida em que pode atingir não apenas os indivíduos mais idosos, mas também os indivíduos mais jovens e contribuir para que o número de indivíduos que vêm a atingir idades mais elevadas diminua”, declarou, sendo que, em 2017, em entrevista ao jornal Expresso, havia declarado que somente uma epidemia ou uma guerra poderia impedir o alcance dos 100 anos de esperança média de vida, à nascença, em Portugal.
“A população vai eventualmente tender a diminuir e ao diminuir, diminuem indivíduos que são mais velhos, mas que já não procriam, mas também diminuem os mais novos que também não vão procriar”, avançou, adicionando que "os cuidados médicos, os hospitais, as novas tecnologias médicas, de intervenção, de diagnóstico, fazem com que há 40 ou 50 anos os indivíduos que morriam muito mais cedo porque tinham por exemplo um cancro, vêm agora a conseguir ter a sua vida mais prolongada. Os ingleses chamam de ‘Grey Generation’, a geração dos cabelos brancos”, explicou.
É de realçar que os números do último relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a mortalidade em Portugal no contexto da pandemia de covid-19 indicam que, entre o surgimento do novo coronavírus e o dia 27 do passado mês de dezembro morreram mais 12.852 pessoas do que no mesmo período dos últimos cinco anos. É importante mencionar igualmente que 52,0% (6.677) destes óbitos foram devido à covid-19 e 70%” dos mortos tinham idades superiores a 75 anos.
Por outro lado, em 2019, o INE havia esclarecido que a esperança de vida à nascença era mais elevada na região Norte (81,18 anos para toda a população da região), mas na Área Metropolitana de Lisboa a esperança de vida aos 65 anos era maior (19,81 anos), enquanto era menor nas regiões autónomas (17,24 anos nos Açores e 17,69 na Madeira). Estes dados pertenciam às Tábuas de Mortalidade para o triénio 2016-2018 e mostravam que, em relação a 2008/2010, a esperança de vida à nascença havia aumentado 1,51 anos. Assim, em termos nacionais, Portugal havia passado de uma esperança média de vida à nascença de 19,64 anos em 2008/2010 para os 81,18 em 2016/2018.