O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, apelou, este domingo, à melhoria das condições de trabalho por parte do Ministério da Saúde de forma a reduzir o risco de infeção entre os profissionais de saúde e lamentou que o plano de vacinação contra a covid-19 deixe “milhares de médicos de fora” nesta fase. O apelo do bastonário surge na sequência da morte de mais três médicos por covid-19.
“O bastonário da Ordem dos Médicos tomou conhecimento de que mais três médicos morreram nos últimos dias com covid-19, pelo que expressa publicamente a sua homenagem aos colegas que têm perdido a vida no combate à pandemia, a salvar a vida dos seus doentes”, lê-se num comunicado da Ordem dos Médicos.
“Vivemos tempos de grande pesar nacional, com muitos portugueses a perderem a vida todos os dias por causa da pandemia, sejam doentes Covid ou não Covid, e isso não nos pode nunca sossegar. Contudo, a morte de colegas que dedicaram a sua vida a salvar vidas é um momento de grande consternação para todos nós e o mínimo que podemos fazer neste momento para honrar os médicos e as pessoas extraordinárias que foram é prestar-lhes esta homenagem pública, com uma palavra especial de gratidão e de solidariedade para com as suas famílias”, destaca o bastonário da Ordem dos Médicos na mesma nota.
“Temos de travar esta pandemia com medidas mais eficazes que permitam que os serviços de saúde tenham menos pressão e que os médicos e restantes profissionais trabalhem com mais segurança, mais meios e mais equipamentos de proteção, por eles e pelos doentes”, acrescenta Miguel Guimarães, reiterando que “muitos médicos do SNS e do setor privado e social continuam por vacinar e sem uma explicação, apesar da Ordem dos Médicos já ter alertado para o impacto que isto pode ter na vida dos próprios médicos e dos doentes”.
De realçar que a Ordem dos Médicos enviou ao Ministério da Saúde uma primeira lista de 4000 médicos que queriam ser vacinados e que estavam fora do SNS ou a trabalhar no SNS através de empresas prestadoras de serviços médicos. A listagem foi atualizada e conta com cerca de 6.562 médicos. Contudo, “nem meia centena terão chegado a receber a vacina”, segundo a Ordem.
De acordo com Miguel Guimarães, no total, chegaram ao conhecimento da Ordem seis óbitos de médicos com covid-19, mas adianta que só a tutela tem na sua posse dados a nível nacional que permitam saber efetivamente quantos médicos morreram no combate à pandemia.
“Como temos vindo a dizer desde o início, era muito importante que o Ministério da Saúde divulgasse com mais regularidade os números relacionados com o impacto da pandemia nos profissionais de saúde, tanto em termos de infeções como de óbitos ou doentes recuperados”, considerou.