No domingo, contra a França, Portugal acabou por perder a sua segunda partida na fase principal do Mundial de Andebol e, consequentemente, ficou fora do campeonato.
Em antevisão ao jogo, o técnico Paulo Pereira mostrava-se confiante e realçou um adepto inesperado da seleção nacional no Mundial: a Noruega. É que, caso Portugal vencesse a França por mais de cinco golos, os nórdicos poderiam passar também para os quartos-de-final da competição.
A partida, no entanto, não poderia ter estado mais longe de uma vitória portuguesa por uma margem tão folgada.
Ao intervalo, a diferença de quatro golos punha os gauleses em vantagem, e não mostravam sinais de abrandar. Alfredo Quintana realizou algumas defesas importantes, mas não foi o suficiente para diminuir a distância pontual entre as duas equipas, que só veio a aumentar exponencialmente ao longo dos últimos 30 minutos, findando a partida com a França a vencer por 32-23. Os gauleses passaram assim pela fase principal do Mundial sem sofrer uma única derrota, e seguem para os quartos-de-final.
Relembre-se que a França foi, nos últimos 15 anos, quatro vezes campeã mundial, três vezes campeã europeia e duas vezes campeã nos Jogos Olímpicos.
Antes, no entanto, a seleção vinha de vencer a Suíça por 29-33, numa partida em que os lusos dominaram, mantendo sempre em mente que os helvéticos surpreenderam na jornada anterior, ao vencerem a teoricamente superior seleção da Islândia por 20-18. O jogo não foi fácil para os lusitanos, com a Suíça a marcar a pauta na segunda metade, mas tendo pouca eficácia nos seus remates. O guarda-redes Humberto Gomes, de 43 anos, ajudou a selar a vitória da seleção nacional.
Na primeira jornada da fase principal, Portugal deixou fugir a liderança do grupo iii ao perder por um único ponto de diferença (28-29) com a Noruega, vice-campeã mundial em 2017 e 2019. Portugal, ainda assim, não se deixou vencer facilmente e, após estar a perder por uma desvantagem de quatro golos, pôs o pé no acelerador e conseguiu mesmo estar a vencer durante uma boa parte do jogo, com cinco defesas do guarda-redes veterano Humberto Gomes. A felicidade durou pouco e um suspiro geral ouviu-se por entre jogadores e técnicos lusitanos quando, após um remate falhado, na última jogada, o remate de Rui Silva bateu no poste da baliza contrária, selando sem sombra de dúvida a vitória da Noruega e a primeira derrota de Portugal no Mundial de andebol.
Apesar do resultado, esta partida foi sem dúvida um exemplo ilustrativo das melhorias técnicas na seleção portuguesa nos últimos anos, conseguindo mesmo a equipa treinada por Paulo Pereira fazer os noruegueses lutar pela vitória um pouco mais do que provavelmente esperavam. Relembre-se ainda que Portugal brilhou na fase de grupos da competição, onde liderou o grupo F com 4 pontos, tendo vencido Argélia, Marrocos e Islândia.
Um percurso nem sempre fácil Na antevisão do Mundial, as lesões de Alexandre Cavalcanti e Gilberto Duarte assustavam, e os nervos vinham de todas as direções: os jogos que se avizinhavam, as lesões e um inimigo invisível que não deixou o mundo do andebol de fora, a pandemia de covid-19.
Há 18 anos que Portugal não participava num Mundial de andebol. A modalidade passou por um mau bocado no país, mas os últimos anos mostraram os frutos de vários investimentos, tanto do ponto de vista técnico como de infraestruturas, no andebol.
A passagem pelo Euro 2020 foi uma jornada inédita, contando aquela que foi talvez a vitória mais marcante para a modalidade em Portugal nos últimos anos, contra a França. A seleção nacional acabou este campeonato em sexto lugar.
jornadas futuras A seleção das quinas tem agora na calha as partidas a contar para a fase de qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, a acontecer em março, contra Tunísia, Croácia e, novamente, a França. Já em abril, Portugal regressa aos jogos de qualificação para o Euro 2022. A uma vitória de assegurar um lugar no campeonato, a seleção nacional enfrenta Israel e Lituânia, depois de uma desapontante derrota perante a Islândia.