Houve coisas que já ouvi dizer bem, e que naturalmente não mereceriam ser repetidas: por exemplo, que o líder do CDS se deveria dar por derrotado, e calar-se envergonhado pela forma como está a contribuir para o fim de um partido fundador da democracia; ou que Rui Rio está desfasado, ao pensar que Costa foi derrotado nestas eleições, e que o PS agora foi o único partido a não ter um candidato (esquecendo que Cavaco fez o mesmo com Soares, quando o PSD estava bem melhor).
Ouvi coisas com que não concordo: como, por exemplo, que Ventura não foi buscar directamente votos ao PCP, quando teve as melhores votações onde o PCP costumava tê-las, e agora não as teve, e até contrariando estudos de opinião nesse sentido. É evidente que, embora o partido de Ventura tenha sido um dos vencedores destas eleições, a maioria do seu eleitorado tem vergonha de estar ali. E já vimos em Portugal partidos aparecerem ainda mais fortes e sérios, como o PRD, e depois desaparecerem. Claro que não tinham podido gozar de um líder tão disparatado e mentiroso, mas isso é das coisas que não parece importar muito em lugar nenhum do mundo este ripo de eleitorado, que ninguém de gosto mínimo apreciaria ter ao seu ledo. Mas trata-se de gente que precisa das suas socas.
Finalmente, ninguém pode pôr em causa a vitória folgada de Marcelo, e como ele já demonstrou bem, ninguém pode atrever-se a imaginar o que ele fará – porque a sua imaginação é própria e fértil, e já se viu que é muito original nas suas opções. Se não, eu também seria levado a pensar que iria agora favorecer o PSD.
A esquerda teve de facto poucos votos neste acto eleitoral. Mas Costa deve andar radiante, para já, com o resultado. É manifestamente cedo para dá-lo por vencido.
Em Marisa, talvez se tenha reflectido a opção negativista do BE, e podemos pensar assim do BE.
Mayan lá conseguiu dobrar o partido. Mas o único que tem de e pôr a pau é Figueiredo. O Pais continuará no eu rame-rame.
O candidato do PCOP lá fez o que pôde para manter uma proposta política completamente fora de moda e de tom. O vencedor será o mais simpático que o PCP tem, ou seja, Jerónimo de Sousa.
E Ana Gomes, depois de cumprir o papel de manter mais pequeno o Chega, não sei se terá outro. Afinal, a sua votação foi bem pequena, e nem me perece que fosse muito maior com o apoio de Costa.