Nunca percebi bem o anexim que diz ‘gaba-te cesto que vais à vindima’.
Talvez seja uma ironia pelo motivo das pessoas se gabarem. Ou por qualquer cesto ir à vindima. Mas a verdade é que se usa mais a primeira parte, para referir os que se gabam, por razões que ninguém se lembraria de os gabar. E nesse sentido vem muito a propósito dos auto-elogios de Trump, na hora da sua saída.
A única coisa que Trump terá feito na sua Presidência de realmente relevante, terá sido convencer os seus apoiantes de que podia dizer o que quisesse, verdade ou mentira, que eles não o distinguiriam. E notabilizou-se tanto pelas mentiras, que foi dado como o criador das ‘fake news’, que ele depois criticava sem as nomear – até para que continuassem a circular. O que parecia irritá-lo verdadeiramente eram as notícias verdadeiras, e os órgãos de comunicação com o melhor nome dos EUA.
É impossível não o imaginar na intimidade a criticar os seus apoiantes, por ver entre eles pouca gente civilizada. Uma espécie de apoiantes de Ventura. Apesar de a sua possidoneira natural (como a de Ventura) lhe puxar os semelhantes: estou a pensar, por exemplo, naquelas gravatas demasiado compridas, de quem nunca usou gravatas feitas à medida, para não chegarem ao cinto das calças. Ou de quem não tem ideia de como um homem se veste, sempre que não é aconselhado o fato escuro. A mulher já parece bastante mais sabida nisso.
Enfim: ‘gaba-te cesto’.
Mas lá se consegue safar de outro ‘impeachment’, ainda com o apoio da maioria dos senadores republicanos.