por Pedro Antunes
A Iniciativa Liberal deve ir sozinha nas autárquicas. É um partido jovem, que tem tido um crescimento sustentável e sem alaridos populistas. Responsável como tem sido, não deve ter a veleidade de tentar ir a todas as batalhas autárquicas no país. Na realidade, se calhar nem faz sentido apresentar-se a todas as 18 capitais de distrito, ou a todas as Câmaras da Área Metropolitana do Porto e Lisboa. Deve saber escolher as suas batalhas diretas, eventualmente apoiar alguns movimentos e candidatos independentes que sejam inequivocamente liberais, se os houver.
Há, no entanto, duas batalhas às quais a Iniciativa Liberal não pode faltar: Lisboa e Porto.
Não, a Iniciativa Liberal não deve candidatar-se em Lisboa por esta ser a capital. A Iniciativa Liberal deve apresentar candidato a Lisboa para que os Lisboetas tenham um verdadeiro presidente da Câmara, não um político de poleiro à espera de uma oportunidade nacional.
Lisboa é um desafio grande, mas acima de tudo é uma oportunidade que não deve ser desbaratada. Medina não entusiasma. O CDS em guerra civil não tem quem repita 20% (Mesquita Nunes já se retirou após o resultado deste fim-de-semana). O PSD não tem foco, perdeu capacidade de mobilizar e não tem candidato para a disputa. Ventura vai ter de criar um novo “homem forte” no Chega, que duvido que vá a tempo de se tornar credível (já todos conhecemos esta estória).
Cá está a primeira oportunidade. Disputar Lisboa, sem compromissos com o sistema instalado. Disputar Lisboa, pelos lisboetas e não pelo salto numa qualquer carreira medíocre. Alguém com experiência de vida, bom gestor, com ideias maduras para o futuro da cidade. Que pense Lisboa não como a capital, mas como uma cidade para o mundo.
Um vereador era um sonho na fundação da IL, mas em 2021 é pouco. Com o candidato certo, com a campanha certa, com o foco certo, até a presidência da CML está ao alcance. Rui Moreira conseguiu-o com um movimento de cidadãos. Dadas as condições, a IL deve almejar fazer o mesmo em Lisboa.
O Porto é um desafio diferente. Há um movimento forte, um presidente forte. Haverá certamente a tentação de alianças. A IL não deve cair nesse erro, não deve cair na tentação de se aliar a um candidato ao estilo “homem forte”, porque quando o “homem forte” cair, cai a IL com ele. E os homens fortes caem sempre (vide Rui Rio e a “liderança” no PSD).
Rui Moreira não é liberal, como não o é o seu movimento. Mesmo aceitando que é um adversário mais organizado e difícil do que Medina; a IL não deixaria de se estar a colocar como parceiro júnior. Seria comprometer toda uma identidade fundadora, de ser liberal em toda a linha, sem compromissos para ganhos políticos de curto-prazo. Seria comprometer futuros resultados em legislativas. Seria comprometer a onda liberal.
Cá está a segunda oportunidade. Um candidato verdadeiramente liberal para a CMP. A IL deve apostar no Tiago Mayan. Tiago sofreu muitas críticas sobre estilo, mas pouco sobre conteúdo. Demorou a encontrar o seu ritmo nas presidenciais, mas encontrou-o. Em eleições locais, na cidade que tão bem conhece, será um desafio diferente.
São duas oportunidades que a Iniciativa Liberal não pode mesmo deixar passar. Haverá tentação de almejar um resultado bom, mas que hoje é pouco ambicioso. Haverá a tentação de coligações fáceis, que garantirão pelouros, mas à custa do espírito.
Permitam-me ser ambicioso, mas não louco: Lisboa está ao alcance; Porto pode ter um excelente resultado. A IL pode tornar a onda liberal num verdadeiro tsunami político como o país nunca viu e reconfigurar completamente o balanço político.
Por isso é tão importante, nestas cidades, que a IL tenha o SEU candidato ganhador.