É tão comum fantasiar-se com o potencial do ser humano e do seu cérebro, como é descartar-se efetivamente o uso das suas faculdades. O leitor tem, mesmo que se tenha esquecido, uma das suas forças na imaginação. Todos somos criativos, simplesmente alguns recorrem mais frequentemente à sua aplicação na vida quotidiana.
Repare-se: o Cristiano Ronaldo é extraordinário, e as suas capacidades, nos vários momentos do jogo, revelam uma capacidade de trabalho e resultados extraordinários. Sejam na medida de golos, assistências ou outras jogadas, o seu remate é sempre um dos seus pontos fortes. O leitor julga que CR7 seria um jogador tão brilhante como o é na atualidade se não se permitisse a ele próprio chutar à baliza!? Somos os Ronaldos das nossas vidas, permita-se marcar golo!
Qualquer processo de criação resulta da trituração da informação, estímulos e experiências a que somos expostos. O nosso cérebro é um autêntico liquidificador: cada um coloca os frutos da sua atividade quotidiana e, no final, o batido é completamente personalizado e diferente para cada um.
Criar e imaginar requer prática, mas é parte inerente do ser. Não julgo que haja pessoas mais ou menos criativas, num sentido literal. Acredito que existem indivíduos que desfrutam e recorrem mais frequentemente à ferramenta para resolverem os seus desafios, razão pela qual a prática fez da pessoa mestre.
É importante, da minha humilde perspetiva, esclarecer que criar ou ser ‘original’ não implica por si só uma construção, antes pelo contrário. Através do uso da imaginação, o processo criativo e de resolução de problemas transforma-se num processo de desconstrução. Quero com isto dizer que, qualquer que seja a imagem representativa do objetivo que o leitor visualize, ir do ponto A ao ponto B deixa de ser uma aventura em tudo indefinida, para se tornar um passeio no parque com GPS.
É provável que esta ferramenta seja recorrente noutros momentos das nossas vidas, como por exemplo, umas férias no Algarve. O leitor imaginou-se na sua praia preferida no sul de Portugal, sabe a distância de sua casa, o custo de vida e as atividades lúdicas que pode fazer, e por isso sabe os preparativos e poupanças que tem de realizar.
O primeiro e mais importante momento é a definição e conceção da meta. Sabendo-se para onde se vai, sabe-se o que é necessário para lá chegar. O Einstein visualizava, como consequência das suas observações diárias, a interação entre os corpos e as suas ínfimas partes, das quais derivavam as fórmulas e a compreensão que o tornaram reconhecido, não o inverso.
Como o leitor já deve ter reparado, é fácil construir uma casa quando se tem um plano arquitetónico, quando já se sabe como é a casa que se pretende; e próximo de impossível construir uma casa funcional sem qualquer meta em vista. Tome as rédeas das suas capacidades e facilite a vida a si próprio. A imaginação é empreiteira, a inteligência é o trolha. Imagine, e permita-se construir!