Os cuidadores informais pediram, esta quinta-feira, para serem incluídos nos grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19 e alertam que "um cuidador doente, sobrecarrega duplamente o Serviço Nacional de Saúde".
"Os chamados cuidadores informais, tantas vezes invisíveis quando se trata de apoios para a tareda que desempenham, voltam a ser invisíveis no momento da seleção dos grupos prioritários para a vacinação contra acovid-19", lê-se num comunicado do Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais.
Segundo o movimento, os motivos pelos quais os cuidadores informais devem ser incluídos nos grupos prioritários "são óbvios". Bruno Alves, Sílvia Artilheiro Alves e Nélida Aguiar, representantes do movimento, afirmam que "um cuidador doente, sobrecarrega duplamente o Serviço Nacional de Saúde, já de si em grande sobrecarga", além de que "um cuidador infetado aumenta a probabilidade de infeção da pessoa cuidada".
"A questão foi colocada, em julho de 2020, ao Ministério da Saúde, a quem se apelou para incluir os cuidadores informais no grupo prioritário de vacinação. A resposta chegou em janeiro passado, quando o então coordenador da Task Force do Plano de Vacinação contra a COVID-19, Francisco Ramos, informava que estes cuidadores não foram incluídos na primeira fase.", lembram.
Assim, o movimento – composto por quase trinta associações de cuidadores e de doentes de todo o país – pede que a decisão seja reavaliada. Bruno Alves, afirma que, apesar de confiar no SNS e não existir "dúvida que todos serão vacinados", o "timing pode fazer toda a diferença na vida do cuidador, da pessoa cuidada e nos sistemas sociais de saúde".
Uma possibilidade para contornar em parte esta situação poderia passar por vacinar todos os cuidadores que recebem o complemento por dependência e subsídio de 1º e 2º grau, bem como os cuidadores que as equipas de saúde identifiquem no domicílio e, em particular, com problemas de saúde crónicos.”, sugerem.
Os representantes pedem também que além dos cuidadores, seja também vacinada a pessoa cuidada, o que "se traduzirá em ganhos para todos". "Não nos esqueçamos que se o trabalho dos cuidadores informais fosse exclusivamente realizado pelos cuidadores formais, corresponderia a um incremento da despesa pública equivalente a 4 mil milhões de euros”, sublinham.