Com 99,43% dos votos apurados, verifica-se que os socialistas obtiveram nas eleições marcadas pela pandemia, na comunidade autónoma da Catalunha, uma baixa participação, de pouco mais de 53%, 23% dos votos e 33 assentos no Parlamento (de 135 lugares), o mesmo número que a ERC liderada por Pere Aragonès e mais um que os Junts per Catalunya de Laura Borràs. A seu lado, o bloco separatista – ERC, Junts e CUP (Candidatura de Unidade Popular) conseguiu garantir 74 cadeiras, seis a mais do que aquelas que havia conquistado há quatro anos e que são mais do que o necessário para formar governo.
Assim, a ERC, com 21,3% de votos e 33 cadeiras (exatamente o mesmo número de 2017), ultrapassa os Junts per Catalunya em votos e lugares. A formação liderada por Carles Puigdemont obteve dois lugares a menos do que os obtidos nas últimas eleições, ao atingir 20% dos votos. O PSC substituiu o partido Ciudadanos, que ganhou as eleições de 2017 mas nem chegou a tentar formar governo. Por outro lado, o Vox estreia-se na câmara catalã como a quarta força e 11 deputados, estando, deste modo, à frente da CUP, que tem nove lugares.
O Ciudadanos passa de força mais votada em 2017, com 36 deputados, para apenas seis, enquanto o PP ficaria com três deputados, um a menos que os quatro anteriores. O En Comú Podem (o Podemos da Catalunha) fica com oito lugares e o PDeCAT fica fora do Parlamento. É de referir que a alta abstenção fez com que apenas o PSC fosse capaz de superar os votos de 2017: cerca de 606 mil, enquanto a ERC, a segunda força mais votada, perdeu mais de 360 mil votos.
É de salientar que com este panorama, a região continuará a ser governada por uma coligação independentista entre ERC, JxCat e CUP, já que será difícil para os socialistas conseguir algum tipo de coligação para ter maioria absoluta no parlamento catalão.
"Fez-se História na Catalunha. Pela primeira vez o independentismo superou 50% dos votos", celebrou o candidato da ERC, Pere Aragonès, porém, ainda que os partidos independentistas tenham somado a maioria absoluta, perderam mais de 600 mil votos quando comparado com os resultados de 2017. A seu lado, Salvador Illa mostrou a sua intenção de comparecer à tomada de posse. "A mudança chegou para ficar", assegurou.
Recorde-se que, nas sondagens à boca das urnas, o ex-ministro da Saúde, Salvador Illa, do Partido Socialista da Catalunha (PSC), foi o mais votado (22,7%, que lhe garantiria 34 a 36 lugares no Parlamento, num total de 135), mas poderá não ser investido como presidente da Generalitat, devido à coligação separatista, tal como aconteceu em 2017, quando a candidata do Ciudadanos (direita liberal), Inês Arrimadas, venceu. Todavia, o dirigente foi o verdadeiro vencedor do escrutínio, confirmando a mudança de paradigma com a sua candidatura mesmo em plena pandemia de covid-19.
É de referir que, no total, 5,36 milhões de pessoas que residem na Catalunha e outras 255.000 que vivem no exterior foram chamadas a votar hoje. A votação nas urnas caiu 22,5 pontos devido à pandemia. As eleições deste domingo foram realizadas oito meses antes do fim da legislatura.