Covid-19 – A polémica missão a Wuhan da OMS

A polémica está em aberto entre as críticas dos governos norte-americano e inglês às condições de trabalho e liberdade de movimentos da missão – a juntar ao natural receio dos cientistas e médicos chineses de transmitirem informações fora da linha de interpretação oficial – e as afirmações de alguns membros da equipa de que, mesmo…

por A. S. Araújo

Segundo a CNN, os investigadores da OMS – Organização Mundial de Saúde – em Wuhan chegaram à conclusão que, em Dezembro de 2019 a epidemia estava já muito difundida na cidade. De acordo com as declarações do principal investigador da missão da OMS, Peter Ben Embarek, que agora regressou de Wuhan para a Suíça e que teve ocasião de falar com um dos infectados iniciais, em 8 de Dezembro de 2019, o vírus já estava espalhado, pelo que já deveria ter aparecido nos meses anteriores.

Segundo os cientistas chineses, em Dezembro de 2019, haveria já 174 infectados. Para o chefe da missão da OMS, uma das origens do vírus pode ter sido o mercado de marisco de Huanan, em Wuhan.

Outra conclusão dos investigadores através da informação recebida, foi o, foi que em Wuhan já se manifestavam 13 variantes diferentes do vírus, o que os leva a concluir que a disseminação do vírus já seria anterior.

Para outro virologista, o Prof. Edward Holmes, da Universidade de Sidney na Austrália, esta circulação de variantes da Covid-19 leva a crer que o seu aparecimento seria anterior a Dezembro de 2019. Os peritos da OMS puderam contactar, através dos cientistas chineses, com 92 casos de infectados que poderiam ter contraído o vírus em Outubro-Novembro de 2019.

A polémica à volta do tempo e da origem do vírus envolveu conflitualmente a Administração Trump e o Governo de Pequim, na medida em que altas personalidades da Administração Republicana, como o Secretário de Estado Mike Pompeo, levantaram seriamente a hipótese de se tratar de um vírus de laboratório e não de um acidente num mercado popular, onde surgem casos de promiscuidade de espécies animais. Pompeo citou mesmo o Instituto de Virologia de Wuhan como a origem do vírus que já matou, até hoje, mais de 2.300 000 de pessoas no mundo.

Trump, entretanto, retirara os Estados Unidos da OMS, alegando que a organização estava desvirtuada dos seus fins e dominada por critérios e preconceitos ideológicos. Biden decidiu o regresso de Washington, mas o seu conselheiro Nacional de Segurança, Jack Sulivan, reagindo agora à demora na concessão de vistos e às condições em que se deu o trabalho dos peritos da Organização, veio sublinhar que esperava que o relatório da missão fosse independente e que as conclusões dos peritos não tivessem intervenção ou modificações por parte de funcionários do Governo chinês.

A polémica está em aberto entre as críticas dos governos norte-americano e inglês às condições de trabalho e liberdade de movimentos da missão – a juntar ao natural receio dos cientistas e médicos chineses de transmitirem informações fora da linha de interpretação oficial – e as afirmações de alguns membros da equipa de que, mesmo assim, tinham recebido muita informação. Foi neste sentido a declaração do inglês Prof. John Watson, contradizendo a do seu colega Dominic Dweyer, que declarou ao Wall Street Journal que a informação fornecida e permitida pelas autoridades chinesas tinha ficado muito aquém daquilo que se podia e devia esperar neste momento, em relação às origens de uma epidemia que, além das mortes, pôs no caos a Economia da Europa e dos estados Unidos. Uma epidemia que parece estar vencida e controlada na China, mas que deixou o resto do mundo de rastos.