Resolver a pandemia é “muito, muito fácil” comparativamente com as alterações climáticas, diz Bill Gates

Resolver as alterações climáticas “seria a coisa mais formidável que a humanidade já fez”, considera o fundador da Microsoft.

O multimilionário Bill Gates, afirmou, em declarações à BBC sobre o lançamento do seu novo livro – "Como evitar um desastre climático" – que resolver as alterações climáticas "seria a coisa mais formidável que a humanidade já fez" e que acabar com a pandemia de covid-19 é "muito, muito fácil", comparativamente.

O livro é um guia para lidar com o aquecimento e o fundador da Microsoft avisa que não podemos desvalorizar o "desafio" da transição climática. "Nós nunca fizemos uma transição como aquela que nos propomos fazer nos próximos 30 anos. Não existe nenhum precedente", disse.

Para o multimilionário, "51 mil milhões para zero" são dois números essenciais, uma vez que 51 mil milhões representa o número de toneladas de gases com efeito de estufa que o mundo emite para a atmosfera anualmente. Já o zero, representa as emissões zero – o objetivo final que devemos alcançar e que significa cortar as emissões para um patamar em que possam ser absorvidas em igual quantidade.

Este objetivo foi determinado pelo Acordo de Paris e a neutralidade carbónica deverá ser atingida até 2050. Como tal, Gates defende que será essencial, não só plantar árvores, que absorvem dióxido de carbono nas suas folhas, mas também uma grande aposta na produção de energias renováveis.

Na ótica de Bill Gates, é aqui que a tecnologia desempenha um papel fundamental: a energia solar e a eólica podem ajudar na descarbonização da eletricidade, mas isso representa apenas menos de 30% do total de emissões. Assim, considera ser necessário descarbonizar os outros 70% da economia global: como o aço, cimento, produção de fertilizantes, sistemas de transportes, etc.

No entanto, ainda não há uma tecnologia avançada em vários desses setores para proceder à sua descarbonização. A resposta, para Gates, poderá passar por uma intervenção estatal. “É preciso que se estabeleçam preços para dar sinais ao setor privado que queremos produtos verdes”, sublinhou.