A Organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) afirmou, esta quinta-feira, que a China ocultou informação sobre os primeiros casos do novo coronavírus, detetados há mais de um ano na província de Wuhan, à equipa de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que esteve a investigar a origem do vírus.
"A China claramente quer evitar ser acusada de ser o lugar onde começou a pandemia", acusou o diretor executivo da ONG HRW, Kenneth Roth. Em conferência de imprensa, o diretor foi mais longe e afirmou que o país "recusou partilhar informação anónima sobre os primeiros casos" durante a missão da OMS a Wuhan, que terminou na semana passada.
"Houve em Wuhan 92 doentes hospitalizados com sintomas semelhantes aos da covid em outubro e novembro de 2019, mas a China só deu à OMS testes de anticorpos muito posteriores, sem radiografias ou análises de sangue, exames que teriam mostrado que o surto estava presente um ou dois meses antes do admitido", afirmou, citado pela agência de notícias EFE.
"Pequim continua a promover a teoria maluca de que a covid-19 pode ter sido causada pelo contacto com alimentos congelados, apesar de não haver provas de alguém em qualquer parte do mundo ter sido infetado desse modo", sublinhou, criticando a OMS e outras organizações por "darem crédito àquela teoria dizendo que a estão a investigar". Para o diretor da HRW, o importante agora é saber "o que está a esconder" a China.
Apesar de considerar que não há provas de que o novo coronavírus tenha sido criado em laboratório, Roth admite que a China dá "credibilidade" a essas teorias por esconder a sua origem.
"Quanto mais a China esconde, mais credibilidade dá a essas teorias, porque as pessoas questionam-se sobre o que esconde… embora possa significar apenas que quer evitar ser apontada como o lugar onde começou outra doença infecciona, como aconteceu há quase 20 anos com o SARS", afirmou.