A associação SOS Racismo publicou ontem uma nota na página da sua rede social Facebook a repudiar a petição “Expulsar Mamadou Ba de Portugal”, que já conta com mais de vinte e cinco mil assinaturas. A petição teve origem nas “declarações caluniosas no Twitter contra o Militar mais condecorado da História Portuguesa, o Tenente-Coronel Marcelino da Mata, um dia depois do seu falecimento”, podia ler-se no documento.
No dia 12 de fevereiro, Mamadou Ba comentou uma notícia relativa ao facto de o CDS reclamar luto nacional pela morte de Marcelino da Mata. Em comunicado, o partido afirma considerar o militar “um dos fundadores da tropa de elite ‘Comandos’ e um dos militares da guerra colonial mais condecorados pelo Estado português”, considerando que por isso o país lhe deve a homenagem que nunca em vida prestou.
Mamadou Ba não é da mesma opinião e considera Marcelino da Mata um “sanguinário”, sublinhando o facto de ter dito que nunca entregou “um turra à PIDE: cortava-lhes os tomates, enfiava-lhos na boca, e ficava ali a vê-los morrer”.
O comentário deu origem à criação da petição que pede para que “a Assembleia da República vote favoravelmente pela expulsão de Portugal de alguém que não se sente bem em Portugal nem com a nossa cultura e valores”.
A propósito da petição, a associação SOS Racismo, da qual Mamadou é dirigente, acredita que as declarações do ativista “têm sido alvo frequente de ataques que excedem o contraditório legítimo”. E continua: “Na sequência de uma opinião que nem sequer está isolada (várias pessoas e instituições condenaram os louvores a Marcelino da Mata), Mamadou Ba esteve no centro de várias petições solicitando a sua expulsão do país, uma delas com cerca de 20 mil assinaturas”. A associação condena quem “vê a deportação como punição adequada para uma espécie de delito de opinião” e “repudia o conteúdo das referidas petições, apelando a que outras pessoas e instituições se solidarizem, no zelo necessário para com uma sociedade democrática, plural e crítica”.
Também envolto em polémica está o debate de quarta-feira na TVI, que opôs Joana Cabral, do SOS Racismo, a Nuno Melo, eurodeputado do CDS, e Sebastião Bugalho, comentador político também próximo dos centristas. Sobre o debate, Mamadou disse que Nuno Melo “foi igual a si próprio, ou seja, um marialva trafulha que mente com todos os dentes”. O ativista foi mesmo mais longe, considerando que “a dada altura, revelou o verdadeiro fascistoide que é, quando falou nas “pessoas de bem”, copiando o Ventura”. Já Sebastião Bugalho mereceu uma crítica mais moderada: “Manteve uma certa urbanidade e alguma probidade, mas no fim, não resistiu à desonestidade intelectual da leitura literal das minhas posições”.