As sextas-feiras costumam ser os dias de maior mobilidade. No entanto, nesta última, o nível esteve próximo daquele que era considerado normal antes do surgimento da covid-19. Isto significa que, foi o dia em que mais portugueses estiveram na rua desde o primeiro confinamento. Os dados são da consultora PSE, especialista em mobilidade, que, em comunicado, começou por explicar que o índice de base 100 era habitual antes da pandemia e, no dia 5 de março, tivemos uma mobilidade apenas 17 pontos inferior a esse valor de referência.
É importante mencionar que o Índice de Mobilidade PSE constitui um composto que reflete a população em circulação, as distâncias percorridas e os tempos de deslocação da população portuguesa, onde 100 representa o valor da mobilidade média das semanas compreendidas entre 1 de janeiro e 14 de março de 2020.
Recorde-se que, na semana passada, ao i, Nuno Santos, analista de dados da PSE, que monitoriza diariamente a mobilidade numa amostra representativa da população portuguesa, sublinhou que a tendência de desconfinamento estava a ser gradual e ligeira mas “sustentada” e os dados dos últimos dias reforçam-na.
Menos compromisso Na sexta-feira passada, verificou-se 75% da mobilidade pré-pandemia, a mesma subiu 8% em apenas sete dias, o que se alinha com as notas de preocupação deixadas pela ministra da Saúde no final da reunião do Infarmed há duas semanas, em que declarou que existem sinais de relaxamento no confinamento.
“Sabemos que os valores a que chegámos são valores que resultam de um esforço e, se esse esforço se inverter, voltaremos a atingir números de incidência e números de risco de transmissão que não são compatíveis com o que precisamos de garantir”, apelou Marta Temido.
Ou seja, antes da pandemia 76% estava em circulação. Durante o primeiro confinamento, no ano passado, apenas 41% da população circulava. E, nesta sexta, 59,4% das pessoas circulou.
No primeiro confinamento, além dos 24% que, em média, já ficavam em casa às sextas-feiras, mais 35% de portugueses ficou em confinamento no mesmo dia da semana.
Por outro lado, há três dias, o acréscimo face à normalidade das sextas-feiras pré-pandemia foi de aproximadamente mais 17%.
Se na primeira semana após o fecho das escolas – semana 4, no período compreendido entre 25 e 29 de janeiro – a mobilidade reduziu-se quase 40% nos dias úteis, nesta primeira semana de março a redução média foi de 24%.
Erosão do confinamento Para a PSE, o “sinal claro de que o segundo lockdown está em erosão diz respeito ao aumento da frequência de vezes com que saímos de casa, em cada semana”, uma vez que, nas semanas 4 e 5 – corresponde de 1 a 5 e fevereiro – apenas 12% das pessoas saiam de casa. Em 6 ou 7 dias, esse valor aumentou para 20% na semana 8 – 22 a 26 de fevereiro.
E os alertas não ficam por aqui. As distâncias percorridas também estão a aumentar, na medida em que a quantidade de população que tem uma maior mobilidade passou de 29,7% – a 22 de janeiro – para 38,3% da população a 5 de março. Isto significa que, na passada sexta-feira, quase 40% da população teve destinos de mobilidade superiores a 10 quilómetros.