Por Francisco Mota, Presidente da Juventude Popular
O Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) é projetado para mitigar, recuperar e responder à queda económica consequente da pandemia. Tantas vezes apresentada como a ‘bazuca’, na verdade, mais parece pólvora seca. No ano passado, o PIB caiu 15.483ME. Já o valor total previsto para Portugal é equivalente, 16.643ME. Isto impõem um grande sentido patriótico na gestão dos recursos, um compromisso com o país real e uma disciplina comprometida com a transparência.
As receitas do passado não se podem repetir e aquilo que deve ser uma esperança não se pode tornar em oportunidade perdida. Em certa medida as circunstâncias pandémicas apenas colocaram a nu as deficiências coletivas e evidenciaram o castelo de cartas em que estava assente a nossa economia.
Portugal nos últimos anos, ao contrário do que nos vendiam, não cresceu nada, apenas foi na onda e perdeu claramente a sua vertente reformista. Face aquilo que nos foi tornado público o PRR está mais vocacionado para resolver os problemas do Governo do que propriamente os do país. É um plano que oferece muito Estado e pouca economia. É assustador a opção de querer voltar a investir naquilo que não cria riqueza e deixar de lado o que de melhor que o país tem para oferecer. Cerca de 67% dos fundos da bazuca são injetados no Estado e apenas 33% incentivam as empresas, para além das desigualdades evidentes, a eficiência e os resultados desta operação serão catastróficos. É triste o olhar míope de um Governo que não responde ao futuro, deixando de lado setores fundamentais da economia como o turismo que em 2019 representaram 16 % do PIB.
Mas quem é que cria postos de trabalho? Que investe e arrisca? Que paga impostos? E que impulsionará a recuperação económica de forma a recuperar o PIB face a 2020? O setor privado, as empresas, que são os verdadeiros ventiladores do país. Se não vejamos: as empresas representam 86% dos empregos, contra 14% no setor público. O setor privado representa 15,7% do PIB em investimento, confrontado com 2,5% do setor público. Esta realidade ainda se torna mais esclarecedora quando se trata de valor acrescentado para a economia, com o setor privado assumir 85% e administração pública apenas 15%. A prioridade não é o desígnio nacional, nem muito menos a recuperação económica, porque face ao exposto qualquer ministro ou governante não compactuava com um PRR em que o incentivo às empresas de fixa nos 4600ME, enquanto os impostos, sobre os rendimentos dessas mesmas empresas, ascendem a 6317ME.
Este não é um plano para rasgar a escuridão, mas antes a cartilha socialista que continuará a alimentar a dependência dos portugueses perante o Estado, hipoteca a liberdade e o futuro das novas gerações e volta a impor uma agenda de retrocesso para Portugal. Parece que ainda não será desta que nos iremos ver livres do vírus do socialismo.