O PCP nasceu fez este sábado 100 anos, em 6 de Março de 1921, quando foi eleita a sua primeira direcção, numa Assembleia que se realizou na Associação dos Empregados de Escritório de Lisboa. Veio na sequência de numerosas lutas dos trabalhadores portugueses, enquadradas pelos sindicatos pró-comunistas, em 1919, no ano a seguir ao fim da I Guerra Mundial.
A inspiração ideológica foi busca-la a Marx, Engels e Lenine. Mas os muitos anos da direcção de Cunhal (ainda hoje considerado figura essencial do PCP) tornaram-no o partido (ou um dos partidos) mais fielmente stalinista do mundo.
O PCP, tal como é na sua essência, um partido mais da contestação (apesar das breves passagens pelo Poder) do que da Execução, tende a acabar como todos os seus congéneres. Podemos achar que a direcção de Jerónimo de Sousa, pela sua simpatia natural (que não lhe chegou nas presidenciais em que se candidatou, é certo que contra Cavaco Silva, que segundo alguns estudos foi buscar parte substancial doeleitorado do PCP), atrasou um pouco o fim que se anunciava.
Mas, sendo um partido de palavra de honra, em que se pode confiar na palavra que dá, e de boa organização (como se viu na manifestação do 1º de Maio desta pandemia), peca sobretudo por excesso de coerência e falta de evolução política (apesar de algumas cedências de pragmatismo de esquerda, que beneficiou muito o PS – mesmo na altura em que Cunhal apoiou a eleição de Soares para Belém). Daí esperar-se o seu fim sempre para breve.