Boris Johnson disse, esta quarta-feira, que o Reino Unido não bloqueou a exportação de vacinas contra a covid-19 nem de componentes, desmentindo assim o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
"Deixem-me ser claro: não bloqueámos a exportação de uma única vacina contra a covid-19 ou componente de vacinas. Esta pandemia colocou-nos todos do mesmo lado no combate pela saúde internacional, somos contra o nacionalismo das vacinas em todas as suas formas", afirmou o primeiro-ministro britânico, na abertura do debate semanal no Parlamento.
De realçar que em causa estão as declarações de Charles Michel num texto divulgado ontem. O presidente do Conselho Europeu disse estar "chocado com as acusações de 'nacionalismo de vacinas' contra a UE", destacando que os factos não mentem" e que a UE limitou-se a instaurar um sistema para controlar a exportação de doses produzidas na União Europeia, enquanto "Reino Unido e os Estados Unidos impuseram uma proibição total à exportação de vacinas ou componentes de vacinas produzidas no seu território".
Já ontem, depois do referido texto, o Governo britânico garantiu que "quaisquer referências a uma proibição de exportação do Reino Unido ou quaisquer restrições às vacinas são completamente falsas". No Twitter, Charles Michel apressou-se a responder e disse ter esperança que "a reação do Reino Unido resulte em maior transparência e no aumento das exportações para a UE e países terceiros".
De realçar que, segundo a Bloomberg, também Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que a UE está “cansada de ser o bode expiatório” para o atraso na vacinação e disse ainda que concorda que os Estados-membros comecem a bloquear a exportação de vacinas produzidas na União Europeia.
De realçar que Itália invocou, na quinta-feira passada, a escassez de doses na UE e uma situação não urgente na Austrália como argumento para a decisão de não autorizar a exportação de um lote de 250 mil doses da vacina desenvolvida pela AstraZeneca/Oxford para aquele país, e que tinham sido produzidas com essa finalidade numa fábrica da farmacêutica em Itália. Von der Leyen já tinha avisado que outros países poderão seguir o mesmo exemplo.