O pneumologista Filipe Froes afirmou que a atividade viral no próximo inverno será, à partida, "maior e mais intensa" devido à "menor circulação dos vírus influenza este ano".
"É evidente que a menor circulação dos vírus influenza este ano, fruto da adoção de medidas de intervenção não farmacológica [máscaras, etiqueta respiratória, distanciamento físico e higienização das mãos] criou uma situação que, à partida, pode pressupor uma maior e mais intensa atividade gripal", disse Filipe Froes à agência Lusa.
Tal irá acontecer porque durante este inverno "as pessoas não tiveram a sua estimulação gripal anual que [habitualmente] têm, o que se traduz numa diminuição da imunidade individual e coletiva" para o vírus da influenza. Além de que a vigilância epidemiológica anual depende milhares de amostras do vírus influenza, que vão sendo colhidas periodicamente.
"A menor circulação também impediu a colheita adequada para manter os sistemas de vigilância a funcionar tão bem como nos anos anteriores. Portanto, temos também maior risco de discordância antigénica e com as vacinas", explicou. Assim, "podemos ter uma maior atividade gripal na época 2021/22".
O pneumologista deixou ainda um alerta: "A história ensina-nos que nos anos em que há menor atividade gripal, previsivelmente, o ano seguinte tem sempre maior atividade. Portanto, devemos preparar-nos para essa eventualidade e indiscutivelmente uma das maneiras como nos devemos preparar é termos acesso a mais vacinas e idealmente melhores vacinas, adaptadas para grupos etários com maior risco de complicações".
As medidas para combater o novo coronavírus – como o uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento social – contribuíram para a menor transmissibilidade do vírus influenza. "O 'R' do influenza ronda 1,2 a 1,5. (…) Com as medidas de intervenção não farmacológicas, o R da influenza reduziu para menos de 1, o que explica a muito menor transmissibilidade e praticamente ausência de circulação viral", explicou.
"Tanto quanto é do meu conhecimento, houve dois casos de internamento por vírus influenza na rede de vigilância de gripe em cuidados intensivos. (…) Habitualmente costumamos ter cerca de 200", contou à agência de notícias.