A direção da Biblioteca Nacional de Espanha, em Madrid, ocultou durante quatro anos o desaparecimento da obra de Galileu Galilei, noticiou esta semana o El País. e durante esse período continuava a ser apresentada no catálogo da instituição como autêntica uma obra falsificada.
O livro Sidereus Nuncius ou Mensageiro Sideral, que já tinha sido roubado em 1987 da Biblioteca Nacional e mais tarde recuperado, é considerado o primeiro trabalho científico onde o astrónomo explica como construiu e desenvolveu o telescópio.
A falsificação foi descoberta por restauradores da Diretoria de Preservação e Conservação de Fundos durante o programa de preservação de documentos. Fuensanta Salvador, um dos restauradores, revelou mesmo que a descoberta de que no lugar do original estava uma obra falsificada foi acidental. «Este trabalho tem terminações em pergaminho e encadernação. Olhando para ele, pensámos que deveria estar num recipiente de armazenamento sem ácido. A amostra parecia demasiado nova para ser de 1610. A caixa de impressão e as gravuras deixam a sua marca e esta não tinha, era muito limpa. Imediatamente, comentámos com a direção técnica», relatou o técnico de restauro ao jornal espanhol. Desde então a direção da Biblioteca Nacional tem investigado em silêncio o desaparecimento da obra.
Ana Santos, diretora da instituição, explicou que só denunciou o roubo em 2018, ou seja, quatro anos depois de ele ter ocorrido, porque era necessário obter mais informações sobre a falsificação, a trajetória do livro e averiguar em que momento é que a obra desapareceu.
O principal suspeito do roubo é César Ovidio Gómez Rivero, que segundo fontes policiais foi das poucas pessoas que tiveram acesso ao livro. O falso investigador é também autor do roubo de dois mapas-mundo do ano de 1482.