A diretora-geral de Saúde da Comissão Europeia considerou, esta terça-feira, que os atrasos na campanha de vacinação contra a covid-19 na União Europeia (UE) devem-se exclusivamente ao "muito mau desempenho" da AstraZeneca.
"É apenas com um dos contratos que temos problemas graves. O problema é a AstraZeneca, que não está a entregar nem um quarto das doses contratualizadas. As campanhas de vacinação nos Estados-membros estão a ser dificultadas pelo muito mau desempenho da AstraZeneca, que, devo dizer, criou problemas de reputação para todos nós, Comissão Europeia e Estados-membros", acusou Sandra Gallina, durante um debate com a comissão de controlo orçamental do Parlamento Europeu, em Bruxelas, reforçando que as restantes farmacêuticas estão a cumprir integralmente os contratos.
Para a responsável já se sabia que "o primeiro trimestre não ia ser fácil", contudo, sublinhou que a Pfizer e a Moderna "estão a cumprir integralmente os seus contratos, semanalmente", tendo-se registado apenas ligeiros sobressaltos rapidamente ultrapassados. O mesmo não acontece com a AstraZeneca, que está sistematicamente a falhar as entregas contratualizadas.
Recorde-se que, no último sábado, a Comissão Europeia revelou que a AstraZeneca se comprometeu inicialmente a fornecer 90 milhões de doses até final do primeiro trimestre, "mas fez uma primeira redução para 40 milhões e agora a sua projeção é de reduzir para 30 milhões". Tendo já revisto em baixa as entregas do segundo semestre.
A diretora-geral de Saúde da Comissão Europeia considera que a UE deve "utilizar todos os instrumentos ao seu dispor para garantir as doses a que tem direito, para mais quando a empresa que está a falhar é aquela com a qual a União tinha contratualizado um maior número de vacinas".
"Relativamente a esta questão, temos mantido discussões com os Estados-membros e claro que tencionamos agir. Percebemos a frustração dos Estados-membros e esta situação não pode ser deixada sem resposta. Muitas pessoas estão a morrer porque as vacinas não chegam. Vamos utilizar todos os instrumentos ao nosso dispor para garantir as doses, porque para nós o que é importante é garantir as doses", disse.
Para a responsável a campanha de vacinação na UE irá ganhar "um forte impulso" graças à quarta vacina autorizada pela Agência Europeia do Medicamento, a vacina da Johnson&Johnson, que começará a ser fornecida à Europa já no próximo mês de abril.