por Vasco Ribeiro
Tratar alguém por ‘você’ não é nem sequer ultrachique, nem de linhagem, nem tão-pouco revela ser-se politicamente correto. Muito pelo contrário. Não se deve tratar ninguém pelo dito e tão usual ‘você’. O que é correto, isso sim, visto como um distintivo de classe, de berço ou, ainda, sinal de pedigree social, é tratar a outra pessoa na terceira pessoa do singular (quer seja entre pais e filhos, netos e avós e marido e mulher), o que é bem diferente. Tratar alguém diretamente por ‘você’ é de uma ligeireza e vulgaridade muitíssimo comuns, denotando falta de classe e postura da nossa parte perante alguém.
O relacionamento e a comunicação profissional com outras pessoas obriga a que haja um tratamento condigno para tratar alguém, oralmente ou por escrito, mas prevalece na sua maioria a comunicação oral ou verbal. O tratamento define a relação social e profissional estabelecida entre com quem falamos e de quem falamos. As formas de tratamento fixam o tipo de relação hierárquica que existe, podendo esta ser de inferioridade, de igualdade ou de superioridade, face a quem é dirigida a comunicação.
O respeito obedece a regras bem claras e fáceis de assimilar. Neste aspeto a língua inglesa simplifica este tratamento, pois o ‘you’ é a forma de tratamento simultaneamente formal e informal, trata-se a Rainha de Inglaterra por ‘you’, que tanto designa senhor como senhora, não dá sequer margem para o tratamento ser incorreto.
O ‘senhor’ ou ‘senhora’ é o primeiro grau de tratamento convencionado, é o que prevalece em todas e quaisquer circunstâncias. Para além do mais, esta forma de tratamento provém de origem histórica e cultural. Sempre assim o foi e deverá continuar a ser.
Saiba que, no caso dos homens, deve tratar sempre por senhor sempre seguido do seu apelido e seguido do verbo na terceira pessoa do singular, como por exemplo: «− Senhor Ribeiro, pretende…». Tratar por senhor seguido do nome próprio é precisamente o que nunca deve fazer.
Já no caso das mulheres, é um pouco diferente, pois o correto é tratar sempre por «− Senhora dona» seguido do seu nome próprio e nunca apenas por «− Senhora» seguido do seu nome próprio.
Aplique também estas formas de tratamento, assim como outras, tais como: o «− Se faz favor», «− Faça o favor de…» e «− Muito obrigado (a)» ou «agradecido(a)», a título explicativo. O hábito de tratamento é intemporal e insubstituível.
Além disso, já é tempo de deixar de usar o ‘Dr.’ quando nos dirigimos a alguém que apenas, academicamente, é licenciado. Dr. (abreviado) ou Doutor (por extenso), na comunicação oral e escrita, é a forma de tratar apenas quem tem o grau de Doutor, isto é, quem realizou um Doutoramento, e por isso mesmo deve gozar desse título no tratamento que lhe é concedido.