Tem o tamanho de um arranha-céus e pode fazer disparar os preços do petróleo e transportação em todo o mundo. O navio Ever Given, que está encalhado, desde a noite de terça-feira, no Canal de Suez, vai obrigar à suspensão temporária das passagens por esta ligação estratégica até que se consiga resolver o problema.
O Ever Given, um porta-contentores de 220.000 toneladas, com 400 metros de comprimento e quase 60 metros de largura, ficou encalhado devido a ventos fortes que o desviaram da sua trajetória e, segundo as autoridades, já obrigou à paragem de 150 outros navios. Para libertar o navio, já foram utilizadas dragas, escavações, a maré alta e estão agora a caminho do Suez equipas de especialistas holandeses e japoneses para ajudar na missão. Até aqui, todos os esforços resultaram infrutíferos para desimpedir o canal, o que já custou milhões de euros a várias transportadoras de carga.
A empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha, proprietária do navio, admitiu que vai ser “extremamente difícil” desencalhá-lo e apresentou um pedido de desculpas pelo incidente. “Estamos determinados a continuar o trabalhar arduamente para resolver a situação o mais rapidamente possível”, referiu a empresa em comunicado.
A tripulação do Ever Given, de 25 membros, foi retirada em segurança do navio e já se encontra em terra, adiantou a Shoei Kisen Kaisha.
As implicações do bloqueio Com o Canal de Suez bloqueado, os impactos financeiros começam a ser sentidos imediatamente. Segundo o jornal de transporte marítimo Lloyd’s List, por cada dia que o Canal de Suez estiver fechado perdem-se mais 7,6 mil milhões de euros em mercadorias que deveriam estar a passar por ali.
O Canal do Suez é uma das principais ligações comerciais do mundo, garantindo a passagem de 10% do comércio marítimo internacional, em 2020, contando cerca de 19 mil navios. O canal é uma importante fonte de rendimentos para o Egito, que recebeu, no ano passado, 4,7 mil milhões de euros em taxas.
Um dos produtos mais importantes que é transportado através do Suez é o petróleo: cerca de 10% do abastecimento global é realizado através desta passagem.
O congestionamento desta via fez com que aproximadamente 13 milhões de barris de petróleo ficassem retidos, disse o analista sénior da empresa de análise especializada em petróleo Vortexa, Arthur Richier, citado pelo Al Jazeera, acrescentando que nove navios que transportam combustíveis limpos, como o biodiesel, também estão à espera que a via fique desimpedida.
O encerramento do canal provocou um aumento do preço do petróleo Brent no mercado de futuros de Londres, devido aos receios em relação ao abastecimento internacional, ultrapassando já os 53 dólares por barril, e pode afetar os embarques de petróleo e gás do Médio Oriente para a Europa, que dependem do canal para evitar ter de contornar o continente africano.
O imbróglio que está criado vem revelar uma situação que já se conhecia há algum tempo, nomeadamente “a vulnerabilidade que o encerramento do canal pode ter nas trocas globais”, escreve o Guardian, que alerta que, se esta passagem permanecer interdita durante muito mais tempo, o preço do petróleo e das entregas de produtos vai continuar a subir em flecha. E, para já, parece ainda não existir uma solução à vista.