A Direção-Geral da Saúde (DGS) garantiu, esta terça-feira, que as pessoas que já tiveram covid-19 e recuperaram da doença também vão ser vacinas.
De realçar que a Ordem dos Médicos defendeu que as pessoas que tiveram covid-19 há mais de três meses e pertencem a grupos prioritários de vacinação devem poder ser vacinadas nesta fase, depois de um relatório do Centro Europeu para o Controlo de Doenças (ECDC) destacar que Portugal e Islândia são os únicos países a não incluírem atualmente na vacinação as pessoas anteriormente infetadas pelo vírus SARS-CoV-2.
"Em Portugal, as pessoas que recuperaram da infeção por SARS-CoV-2 vão ser vacinadas. Não se trata de não vacinar os recuperados. No entanto, neste momento, encontramo-nos num cenário em que o número de vacinas ainda é limitado. Por isso, num contexto de escassez, devem ser priorizadas as pessoas com maior risco de contrair a infeção por SARS-CoV-2 e que não tenham ainda tido a possibilidade de desenvolver resposta imunológica", referiu a DGS, numa nota enviada à agência Lusa, destacando o "princípio de maximização do benefício" perante a reduzida disponibilidade de vacinas.
"A vacinação de pessoas recuperadas poderá vir a ocorrer logo que a disponibilização de vacinas aumente", adianta.
A Ordem tinha ainda frisando que “a evidência científica disponível documenta um risco crescente de reinfeção após os 90 dias, sobretudo nos indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos e nos imunodeprimidos. É, igualmente, de considerar um aumento do risco em resultado da circulação de novas variantes”.
Contudo, a DGS argumenta que o número de reinfeções a nível mundial "é muitíssimo baixo" e que as "pouquíssimas reinfeções são habitualmente quadros clínicos ligeiros" da doença.
"Os estudos têm mostrado que a imunidade adquirida após a infeção por SARS-CoV-2 é duradoura e protege de reinfeções, pelo menos com a mesma eficácia que as vacinas (ou até com mais eficácia)", indica a autoridade.
“A infeção natural pode conferir imunidade até para as novas variantes e por mecanismos adicionais do que a mera produção de anticorpos”, acrescenta, defendendo que "enquanto as vacinas forem um bem escasso, a estratégia é vacinar quem mais beneficia da vacinação, isto é, as pessoas que não tiveram oportunidade de adquirir imunidade por não terem tido covid-19".
Note-se que atualmente a norma 002/2021 da DGS, que os médicos defendem que deve ser revista com urgência, não exclui quem já teve covid-19 de vir a ser vacinado, mas refere que “num cenário em que a disponibilidade das vacinas é ainda limitada devem ser priorizadas as pessoas com maior risco/vulnerabilidade de contrair a infeção por SARS-CoV-2”. A norma refere que os dados publicados até à data apontavam que a imunidade aparenta durar, pelo menos, três a quatro meses, havendo estudos que apontam para uma duração mais longa.
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