Um país preparado é um país competitivo. Preparar um país significa preparar as suas pessoas, principalmente para que estas sejam capazes de gerar valor acrescentado.
Sou da opinião de que o tecido empresarial português é, em certa medida, como a natalidade: são necessários mais nascimentos do que óbitos, neste caso de empresas, para que o número de empresas existentes cresça e, com ele, o potencial de um maior valor gerado. Contudo, observo que efetivamente não existe um incentivo ou preparação clara do país e das suas pessoas para que esse fenómeno aconteça.
Depois de um percurso de quase quatro anos de empreendedorismo, o meu julgamento não sofreu alterações: não se apreende a empreender no meio académico. A informação existe e está disponível, mas não acessível.
O processo de abertura de uma empresa, especialmente on-line, não é claro, muito menos no que diz respeito a todas as normas fiscais a ter em conta, sem esquecer os custos associados. Pelo meio vão havendo processos e documentos necessários, nunca mencionados nos portais do Governo, e a surpresa é uma constante.
Constatações como estaque faço fazem-me sentir que não é do interesse dos decisores que se criem empresas com facilidade, que se crie o seu próprio emprego. Verifica esta opinião o facto de estar excluído de grande parte dos incentivos à criação do próprio emprego por jovens todo e qualquer português que já tenha efetivamente trabalhado por conta de outrem. Ou seja, assume-se que para um jovem criar o próprio emprego com mais apoio precisa de nascer com a certeza de que é isso que pretende. Como é óbvio, é da experiência (muitas vezes de trabalho) que surge a necessidade e a oportunidade para se fazer empreendedorismo, e excluir este grupo é como excluir os jogadores experientes da seleção nacional.
Ainda assim, e supondo que as condições anteriormente mencionadas não seriam um problema, é claro para mim que não existe preocupação com a integração social e económica da população com as ferramentas de desenvolvimento do próprio ecossistema.
Em primeiro lugar, é absolutamente residual a preparação dos jovens para a cidadania: nunca na escola ou universidade se ouviu explicar do espetro político, da importância de votar, da literacia financeira, entre outros tópicos transversais à vida.
Admito que a maioria até passe uma vida sem abrir uma empresa, mas é garantido que não existe um mecanismo de preparação para o preenchimento de um recibo verde, monetização de uma capacidade, interpretação da lei para os aspetos do dia-a-dia de um profissional, entre muitos outros.
Em segundo lugar, mesmo quando, perante a adversidade, vinga, é frequentemente abalroado por uma carga fiscal elevada e uma quantidade de burocracia sufocante.
Não me admiro que Portugal seja um país pouco dinâmico quando comparado com os principais players mundiais. A estrutura que suporta e capacita para o desenvolvimento está como este país: envelhecido e rígido. Estas são as razões pelas quais são necessárias muletas para a atividade económica de Portugal ser sustentável: pouca formação prática e estruturas fiscais e burocráticas pesadas.