Antigo ministro critica atuação da Europa

O antecessor de Marta Temido partiu para as redes sociais para criticar a limitação do uso da vacina da AstraZeneca.

Adalberto Campos Fernandes, antigo ministro da Saúde, recorreu às redes sociais para criticar a «precipitação política, a divisão entre países, os avanços e recuos, as medidas diferentes e divergentes, sem respaldo sólido», referindo-se às polémicas em torno da vacinação com a vacina da AstraZeneca.

Um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal, esta vacina passou a criar ceticismo e dúvidas nos cidadãos, devido a uma ligação a efeitos secundários relacionados à criação de coágulos de sangue. As decisões tomadas pelos diferentes governos, no entanto, «apenas acrescentam dúvida e receio», defende o antigo ministro da Saúde, que acredita que esta realidade mina «o clima de confiança necessário para alcançarmos o objetivo definido de proteção das populações contra a Covid-19».

Adalberto Campos Fernandes aponta ainda o dedo ao ceticismo das populações e dos governos relativamente à Agência Europeia do Medicamento, na qual «a Europa deveria confiar mais […] e agir em conformidade e de forma coerente». «No presente contexto, o impulso político para ‘mostrar serviço’ pouco ajuda, antes pelo contrário», lamentou ainda o antigo ministro da Saúde, que aproveita para comparar o ritmo de vacinação na Europa com o processo homólogo no Reino Unido e nos Estados Unidos, que se mantêm «distantes», tornando «dramática» a diferença entre os termos de comparação.

«A Europa não está a conseguir acertar o passo. Já vai sendo tempo de atalhar caminho pensando no interesse dos cidadãos de forma solidária e consistente», atacou ainda Campos Fernandes, que apontou o dedo aos peritos e porta-vozes do processo de vacinação em Portugal. «Em Portugal, é também o momento de responsabilidade e exigência para todos, peritos e não peritos que intervêm no espaço público, no sentido de moderarem o impulso da opinião e reforçarem, sobretudo, o contributo sereno para a pedagogia», concluiu.

Nesta quinta-feira, Portugal juntou-se a vários países no mundo que limitaram o uso da vacina AstraZeneca, «até estar disponível informação adicional», a pessoas com mais de 60 anos, conforme anunciaram as autoridades da saúde publicamente.