O Banco de Portugal (BdP) anunciou esta quarta-feira um novo máximo histórico de 380,5 milhões de notas impressas em 2020, através da Valora, o único impressor detido por um banco central da área do euro que nunca parou durante a pandemia.
“Apesar das dificuldades, a quantidade de notas produzidas em 2020 excedeu largamente a do ano anterior, tendo a Valora alcançado um novo máximo histórico de notas impressas. Ao Banco, a empresa entregou 316,4 milhões de notas de cinco euros e 64,1 milhões de notas de 20 euros”, lê-se no relatório da Emissão Monetária de 2020 divulgado pelo BdP.
Cada um dos bancos centrais nacionais da área do euro assegura anualmente uma parcela da produção global de notas do eurossistema, sendo que, em Portugal, a produção de notas de euro tem sido adjudicada ao impressor do BdP (a Valora) – ocorrendo no âmbito de acordos de cooperação estabelecidos com os bancos centrais da Áustria, Bélgica e Irlanda. O banco central português salienta que a Valora “foi o único impressor detido por bancos centrais do eurosistema que se manteve sempre em funcionamento durante a crise pandémica provocada pelo novo coronavirus”.
Circulação de numerário diminui. Em 2020, diminuíram quer os levantamentos, quer os depósitos de notas e moedas junto do BDP. “No caso das notas e pela primeira vez desde a introdução do euro, os levantamentos superaram os depósitos devido à acentuada crise no turismo e ao menor retorno das notas de maior valor ao banco, retidas pelos diversos agentes económicos como reserva de valor”, nota o banco central.
Com a contração do depósito de notas a superar a redução registada nos levantamentos, o valor global das notas em circulação cresceu 11% em 2020 o que – destaca o BdP – “no contexto de crise constitui um indício relevante da importância do numerário como reserva de valor, importando, por isso, salvaguardar o acesso da população ao mesmo”.
Em Portugal, um dos países onde o numerário continua a ser o instrumento de pagamento mais utilizado, a emissão líquida de notas aumentou no ano passado pela primeira vez desde a introdução do euro, quer em valor, quer em quantidade (3% e 30%, respetivamente).
No final do ano, o valor das notas colocadas em circulação pelo Banco de Portugal ascendia a -19,3 mil milhões de euros, mais 3,1% (610 milhões de euros) do que no final de 2019.
Das três denominações mais utilizadas em Portugal (cinco, 10 e 20 euros) a nota de 20 euros continua a ser a que tem mais peso no valor total da emissão líquida (65%).
Ao contrário das notas, o valor das moedas em circulação tem aumentado sempre desde a introdução do euro, mas em 2020 “o ritmo de crescimento abrandou” e o ano terminou com uma emissão líquida de moedas de 683 milhões de euros, mais 1,7% que no final de 2019.
Devido ao excedente acumulado de moedas de dois euros e à necessidade de repor as denominações de menor valor, o BdP firmou em 2020 dois acordos de troca de moeda com o Tesouro belga e com o Banco Central da Irlanda, no âmbito dos quais enviou um total de 19 milhões de moedas de dois euros e recebeu o mesmo valor em moedas de um e dois cêntimos e um euro.