A Índia está desesperadamente à procura de uma solução para uma caótica nova vaga de casos de covid-19 e anunciou um novo confinamento total, que irá durar pelo menos uma semana, na capital, Nova Deli.
Um dos principais motivos para esta decisão em Nova Deli, com uma população de cerca de 20 milhões de habitantes, foi o facto de os hospitais estarem prestes a entrar em rotura – com falta de camas para doentes e de oxigénio medicinal.
“Se não impusermos um confinamento agora, a tragédia será maior. Não podemos empurrar Deli para uma situação em que os pacientes esperam nos corredores e as pessoas morrem nas estradas”, disse o responsável pelo executivo da capital, Arvind Kejriwal.
Segundo este governante, apenas os serviços essenciais continuarão a funcionar.
“Se 25 mil pacientes chegarem todos os dias, o sistema entrará em colapso: não há camas”, explicou Kejriwal.
Depois de, na semana passada, ter ultrapassado o Brasil como segundo país com mais infetados (apenas os EUA, com 32 milhões de casos, superam a Índia), nesta segunda-feira, a Índia ultrapassou os 15 milhões de infeções de coronavírus desde o início da pandemia, após registar um novo máximo diário de infeções e de mortes.
Com efeito, a Índia estabeleceu um recorde de 273.810 casos em 24 horas, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde indiano. E o número de mortes causadas pela covid-19 é agora de 178.769, após registar um recorde de 1.619 novas mortes num só dia.
Visita de Boris Johnson adiada Com o assustador cenário que se vive na Índia, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cancelou, mais uma vez, uma visita oficial à Índia que estava prevista para o final da semana. “Tendo em conta a situação atual do coronavírus, o primeiro-ministro Boris Johnson não poderá viajar para a Índia (…). Em vez disso, os primeiros-ministros [Narendra] Modi e Johnson falarão no final deste mês para aprovar e lançar os seus planos ambiciosos para a futura parceria entre o Reino Unido e a Índia”, refere um comunicado conjunto dos dois Governos.
A visita de Boris Johnson ao país, considerada importante no contexto pós-Brexit para aproximar economicamente os dois países, já tinha sido cancelada em janeiro e estava agora prevista para abril.
Além disso, os dois países estão atualmente num braço de ferro relativamente a vários milhões de doses da vacina AstraZeneca do Serum Institute, que deveriam ter chegado no mês passado ao Reino Unido, mas que o Governo indiano reteve para usar no país e combater o aumento de casos de covid-19.
Política e religião Uma das principais razões para o aumento de casos são as eleições na Índia, que vão ocorrer até ao final do mês e que motivaram grandes comícios em todo o país.
Apesar de partidos como o do líder do congresso, Rahul Gandhi, terem suspendido os seus encontros públicos, outros, nomeadamente o do primeiro-ministro Narendra Modi ou o do ministro do Interior Amit Shah, continuam as suas campanhas nas ruas.
Entretanto, os milhões de cidadãos que participaram no festival religioso Kumbh Mela – tomando banho nas margens do rio Ganges, sem qualquer tipo de distanciamento de segurança, para “lavar os seus pecados” – vão ser obrigados a fazer uma quarentena de duas semanas.