Por Judite de Sousa
Alguns analistas sugerem que a questão da governabilidade poderá estar em causa daqui por alguns meses. O PS e a sua maioria relativa têm tido em António Costa um hábil negociador, tratando-se das sempre difíceis negociações à esquerda. No entanto, como se viu neste último Orçamento, surgiram dificuldades no âmbito da ‘geringonça’ não assumida como aconteceu no primeiro mandato. Com eleições autárquicas depois do verão, a avaliação das circunstâncias políticas volta a ser uma equação de fatores variáveis.
Há várias perguntas por antecipação: será que o PS vai manter o confortável resultado de há quatro anos? E o PCP irá manter a rota descendente que passou pela perda de capitais de distrito onde a supremacia comunista era inquestionável desde o 25 de Abril? Como irão os eleitores reagir aos pequenos partidos que emergiram nas legislativas e que dão sinais de captação de novos eleitores?
Finalmente, o caso do PSD. É do lado do maior partido da oposição que o desafio é mais intenso. Rui Rio precisa de resultados. Este último ano não conta para aferir o estado do PSD. A crise pandémica criou uma unidade entre todas as forças políticas não dando espaço nem temas para problemas nacionais necessariamente remetidos para segundo plano. Rui Rio vai, portanto, ser avaliado pelos números que as autárquicas indicarem. Para já, há sinais contraditórios. Não há uma linha de coerência no perfil dos candidatos nomeadamente a Câmaras decisivas para a inversão da marcha dos social-democratas.
A questão que se coloca é saber se o PS, obtendo uma vitória expressiva nas eleições, irá ser tentado a forçar eleições e almejar a sempre tão ambicionada maioria absoluta. Poderá ser uma possibilidade ainda mais que se afiguram igualmente duras as negociações do Orçamento para 2022. A ver vamos.