Em Portugal, a educação e formação académica pecam por se absterem de qualquer capacitação séria no âmbito de três aspetos comuns a todo e qualquer indivíduo: emoções, aprendizagem e literacia financeira.
Reza a lenda que serve a formação académica para capacitar as futuras gerações de competências que lhes permitam vingar na vida, gerar valor para a comunidade e serem autónomos ou independentes. Contudo, a história que se conta hoje é de um sistema negligente face a muitos destes aspetos.
Se por um lado, desde cedo, todos somos expostos a dinheiro, à exceção de uma mão cheia de cursos, poucos são aqueles que sabem o que é efetivamente uma moeda, como é que é gerida, ou de que forma pode ser alavancada para criar oportunidades para os seus utilizadores. Fruto do favorecimento de outras competências (também importantes), a maioria dos portugueses vive mês a mês, não usufrui de rendimentos passivos, endivida-se sem uma estratégia ou propósito sustentáveis e, em última instância, enfrenta dificuldades financeiras.
Para além disso, sou da opinião de que o desenvolvimento do ser humano é uma constante, ativa ou passivamente. Contudo, julgo que está em falta aprender a aprender. Estimo que, caso se disseminassem estratégias e metodologias de aprendizagem, seria mais fácil para todo e qualquer indivíduo se servir da avassaladora quantidade de informação disponível online para se requalificar, realizar uma aprendizagem contínua ao longo da sua vida e, como resultado, melhorar as suas condições e bem-estar. Nunca foi tão importante, dado o ritmo de mudança e desenvolvimento do planeta, uma atualização constante de capacidades e conhecimentos.
Por último, e não menos importante, acredito que existe um grande défice de autonomia emocional nos portugueses e, deveras, em boa parte da população mundial. Ainda que emoções predominem na vida de um ser humano, é verdade que não existe qualquer incentivo formativo para as compreender ou dominar. Como consequência, é frequente ser-se escravo das emoções, porque não se sabe mudá-las e criá-las; é frequente faltar autoestima e autoconhecimento; e mais frequente ainda é sucumbir-se ao stress, pressões sociais e à alienação das responsabilidades. O resultado infeliz são pessoas emocionalmente dependentes umas das outras, frágeis emocionalmente, com pouco pensamento crítico e infelizes.
Investir não se trata apenas de alocar recursos financeiros. Aliás, nas circunstâncias mais importantes no dia-a-dia do leitor, os principais investimentos são os do nosso tempo e da nossa atenção. Trata-se de investir o seu tempo com os seus entes queridos, a sua atenção nas tomadas de decisão importantes para o seu futuro, ou mesmo a sua energia em familiarizar-se com as ferramentas que lhe possibilitam aquilo que, seguramente, realmente procura e valoriza: felicidade, conforto e qualidade de vida.