A presença islâmica em Portugal é secular. A cultura, as tradições os costumes muçulmanos continuam largamente presentes na sociedade portuguesa. Apesar de tanto tempo de convivência, as tradições islâmicas não são ainda familiares para a maioria dos portugueses. Estamos no mês do Ramadão, que se iniciou no passado dia 13 de abril. É o nono mês do calendário islâmico, no qual os muçulmanos maiores de idade e saudáveis têm obrigatoriamente que jejuar. Os doentes, as grávidas e as crianças estão isentos desta obrigação que, para todos os outros, se inicia pelas quatro e meia da manhã e termina ao pôr do sol – contas feitas, mais de 16 horas de jejum diário, durante um mês. O jejum é literal. Pressupõem abstinência de beber, comer ou prática de qualquer tipo de ato imoral. É, igualmente, condenado qualquer tipo de comportamento menos próprio com os praticantes de outros cultos.
Gostaria de vos falar do hilál (Lua Nova) porque muitos amigos, muçulmanos e de outros credos, querem perceber a razão desta questão fulcral no mundo islâmico. A razão pela qual existem várias datas para o início dos meses islâmicos, prende-se com a temática da Lua Nova (hilál), razão pela qual todos os anos, o calendário islâmico não coincide com o calendário gregoriano.
A grande maioria dos países islâmicos assim como as comunidades islâmicas que constituem minorias, aproximadamente 90%, segue o Reino da Arábia Saudita, por ser o país modelo para a nação muçulmana, bem como o que está mais bem preparado.
Exemplos de países que seguem a Arábia Saudita, são Kuwait, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Omã, Egito, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos da América, Portugal, Brasil, Moçambique, entre outros.
No mundo islâmico existe uma diferença horária que varia entre as vinte e quatro e as quarenta e oito horas, consoante a região em que os países se encontram. No entanto, para estarem mais sincronizados, os países islâmicos foram unânimes em seguir os tecnocratas do Reino da Arábia Saudita, de modo a evitar três ou quatro diferentes calendários lunares.
Neste momento há países que têm o seu próprio calendário islâmico. Tal não é errado e justifica-se pelo facto da observação da Lua a olho nu não ser fácil na medida em que depende das condições atmosféricas do momento. Utilizando o caso do nosso país como exemplo, é mais fácil ver a Lua no verão do que no inverno, o que levaria a termos mais meses com 30 dias. Por outro lado, também não temos tecnocratas no âmbito religioso em Portugal que consigam conjugar todas as áreas do conhecimento.
Não é possível fazer esse trabalho com binóculos ou telescópios, como também não é possível o comum mortal usar um estetoscópio, sem ter adquirido o conhecimento para o efeito. Essa preparação consiste na conjugação de várias áreas do conhecimento, além da religiosa, incluindo a ciência, a astronomia e a geografia, entre outras.
A Arábia Saudita tem uma comissão diretiva do Hilál – o equivalente a um órgão de proteção civil em Portugal – onde faz essa análise detalhada. A Ciência e a Religião andam de mãos dadas no Islão.
O Profeta Mohammad disse: «Comecem (o mês) do jejum com o visionamento da Lua, e, terminem o mesmo com o visionamento da Lua».
Esta é a razão pela qual a religião, deve conjugar o seu âmbito, com a ciência, a astronomia e a geografia, entre outras áreas do conhecimento de modo a complementar todos os fatores que não podem ser desvirtuados, constituindo-se assim numa diretriz religiosa.
A metamorfose evolutiva no sentido da comunicação através da Lua Nova (Hilál), desempenhou um papel central na emergência da forma distinta do muçulmano. A ignorância ou a falta de conhecimento podem levar à decadência de um país comunidade.
A conjugação de saberes de diferentes áreas, demonstra a riqueza da religião islâmica, com a ênfase na divergência saudável, e não cultural, parece exigir um complemento através do alargamento do quadro de referência para o passado, presente e futuro.
A celebração do Eid al-Fitr marca o final do mês, quando os muçulmanos celebram o fim do Ramadão (o mês do jejum e da adoração), que poderá ser este ano, no dia 12 ou 13 de maio.