Por Judite de Sousa
Não se imaginaria que o caso dos migrantes de Odemira produzisse tanta informação e dezenas de comentários e análises. Afinal de contas, há muitos anos que há uma mão-de-obra asiática que circula nos campos agrícolas do sudoeste alentejano vivendo em condições de uma indescritível desumanidade. Desta vez, a forma como a deslocação destes homens foi decidida e executada tornou o assunto mais grave e trouxe à superfície um conjunto de responsabilidades e responsáveis desde a administração local ao Governo. No centro das críticas, esteve o ministro Eduardo Cabrita, com os pequenos partidos a apressarem-se a pedir a cabeça do ministro. Está aos olhos de todos que o caso foi gerido com inépcia e de forma precipitada. É igualmente certo que Eduardo Cabrita tem uma péssima relação com os media, reagindo quase sempre com dureza e inapropriadamente às perguntas que lhe fazem. Mas daí a pensar numa demissão vai um passo gigante.
De resto, este vazio da argumentação política esbarra no perfil do primeiro-ministro ou até de qualquer número um de Governo. Costa não irá deixar cair Cabrita nem tão pouco estará a pensar numa remodelação. As eleições autárquicas estão à porta e os resultados não deverão, de acordo com as sondagens, colocar em causa a vantagem do PS. Só depois é que António Costa poderá mudar alguns ministros, refrescando o Governo para o segundo ciclo da governação.
P.S. – A forma como João Galamba qualificou um programa da RTP é de uma obscenidade verbal. Revela a extrema dificuldade de alguns lidarem com a informação livre e independente. Daí ao insulto é um pequeno passo. Tratando-se da RTP existe a tentação de controlar e de impor uma linha de orientação editorial à televisão pública. Já se viu isto muitas vezes. Uma vergonha.