Uma agência de comunicação misteriosa entrou em contacto com pelo menos três influenciadores digitais franceses para que estes denegrissem a imagem da vacina contra a covid-19 da Pfizer em troca de dinheiro.
De acordo com o canal de notícias francês BFMTV, os três influenciadores receberam uma oferta de 2.000 euros para, nas redes sociais, transmitirem uma imagem negativa da vacina da farmacêutica norte-americana, com um documento não autenticado. As três pessoas contactadas partilham conteúdo de interesse na área da saúde e da ciência e têm milhares de seguidores.
A situação começou por ser denunciada por Leo Grasset, que referiu que pesquisou pelo endereço fornecido pela agência, um endereço em Londres, que “é falso”.
“Nunca existiram instalações lá, é um centro de laser estético! Todos os funcionários têm perfis suspeitos no LinkedIn … que desapareceram esta manhã. Toda a gente já trabalhou na Rússia”, escreveu no Twitter.
Amine, que é estudante de medicina, também foi contactado. “Fui abordado no Instagram por mensagem privada. Era preciso dizer que a Pfizer causou três vezes mais mortes que a AstraZeneca. O que me chocou foi que era importante não dizer que era uma parceria. A publicação tinha de ser como se viesse de nós e como se fosse a nossa opinião”, disse, citado pela BFMTV.
“A Pfizer tem efeitos colaterais como todas as outras vacinas, mas são leves”, acrescentou, referindo que teme que as pessoas se sintam tentadas a divulgar “estas notícias falsas”.
Também Sami Oladitto, comediante, relatou uma abordagem idêntica.
O ministro da Saúde francês, Olivier Veran, já comentou o sucedido. “É patético, é perigoso, é irresponsável e não vai funcionar”, disse.
O canal francês falou com um jornalista especializado em crimes cibernéticos, que diz que qualquer pessoa pode estar por detrás desta agência.
“Quando fazes geolocalização, eles mandam-te para o meio do oceano”, disse Damien Bancal.
“Pode ser qualquer um: e até mesmo uma agência real manipulada por um patrocinador que deseja manter o anonimato”, acrescentou.
Incroyable.
L'adresse de l'agence londonienne qui m'a contacté est bidon. Ils n'ont jamais eu de locaux là bas, c'est un centre laser esthétique ! Tous les employés ont des profils LinkedIn chelous… qui disparaissent depuis ce matin. Tout le monde a bossé en Russie avant.
WTF pic.twitter.com/RKiEpYoMgV— Léo Grasset (@dirtybiology) May 24, 2021